33 | Virada

28 10 13
                                    

ALINA HAMILTON
𝟭𝟵 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿ç𝗼, 𝗦𝗲𝘅𝘁𝗮

— Alina, por favor! Tenho mais o que fazer. A resposta é não — o Royce disse taxativo, depois deu perguntar se ele queria ir comigo à semi-final dos Red Scorpions.

No caso, só convidei por educação mesmo. Nunca que ia querer ele do meu lado nesse momento importante. O tanto de energia negativa que iria emanar, possível que fizesse os meninos perderem.

Ainda bem que recusou.

— Tudo bem, mas eu vou! — o rebati decidida, enquanto fechava o meu armário ao pegar o livro da matéria de Ed. Sexual. — Preciso torcer para os meus amigos e ajudá-los se precisarem de alguma coisa.

— Por "amigos" você quer dizer Brian? — quis saber, estampado enojamento na voz e no rosto.

Argh! Odiava ter que ficar dando satisfações a ele.

— Não, Royce — revirei os olhos. — Quero dizer Mai e Tyson, ou você se esqueceu que eles também estão no time?

Óbvio que iria torcer para o quarterback também, mas essa parte era melhor deixar baixo.

O bastardo não me disse mais nada após minha resposta, apenas copiou o meu gesto de revolver as orbes e bufou. Sem mais saco para aturá-lo, resolvi então me despedir para seguir até a minha próxima aula, do contrário chegaria atrasada.

Só que antes deu dar dois passos a fim de me afastar completamente, ele me parou ao perguntar:

— Isso vai ser aonde? E que horas? — rosnou alto, mudando de ideia.

Seu semblante estava fechado e duro, dando a entender que ainda detestava a situação, mas precisou ceder por se sentir inseguro ao me imaginar em um lugar, quase sozinha, com o Brian.

Tive que abrir um sorrisinho amarelo para disfarçar o meu desgosto por sua mudança.

— Aqui mesmo no estádio, às sete da noite! — informei sem querer, porém necessitada por conta do plano.

— Certo! Passo na torre as seis e quarenta e cinco, para te buscar — soltou a contragosto e depois se aproximou o bastante para me dar um selinho. Ecaaaaa! — Até mais tarde — disse por último e em seguida me deu as costas para ir até a sua aula de Educação Nutritiva.

Sem que ele visse, limpei a minha boca com a parte de trás de uma das minhas mãos e coloquei a língua para fora, deixando escalpar um som de vômito, remetendo ao nojo que sentia.

Detestava que ele me tocasse. Detestava que ele me beijasse. Detestava ficar na presença dele.

Detestava o Royce por inteiro.

Até hoje me sentia traumatizada – mesmo que ele não tivesse mais tocado no assunto – por aquela sua súbita imposição para fazermos sexo. Não aguentaria passar por aquilo de novo. Tá que ele broxou, mas ainda sim, não deixou de ser aterrorizante.

Igual ao que eu o peguei fazendo depois, no casamento do meu pai.

Bizarro, bizarro, bizarro!

Nunca mais presenciei tal esquisitice, porém, ainda continuava alerta para tentar saber o que significava.

Uma coisa normal não era, obviamente. Talvez eu fosse me assustar se soubesse a razão por trás, mas dane-se, queria descobrir. Estava muito curiosa, e algo me dizia que poderia ter alguma coisa a ver com a ida para Londres, já que, antes disso, não flagrei nada nem parecido com aquela reza estranha.

Nossos SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora