BRIAN BROOKS
𝟭𝟱 𝗱𝗲 𝗙𝗲𝘃𝗲𝗿𝗲𝗶𝗿𝗼, 𝗦𝗲𝗴𝘂𝗻𝗱𝗮— Eu não acredito que vai fazer isso por conta da porra do cigarro! — gritei com ela, que já tinha um inferno daquele aceso entre os dedos.
— Olha como fala com a sua mãe, garoto! Mais respeito.
Repreendeu depois de soltar a fumaça pela janela.
— Respeito? — perguntei indignado. — Não dá para se ter respeito por uma pessoa que se comporta como uma viciada infeliz e não vê problema nenhum nisso.
— JÁ CHEGA! — esbravejou, me olhando com um semblante severo, coisa que nunca tinha acontecido. Dei até um passo para trás de susto. — Tá de castigo pelo resto da temporada. Vai ficar sem jogar football de novo até segunda ordem.
O susto passou na mesma hora e deu lugar para raiva misturada com revolta.
— Isso tudo porque estou tentando te ajudar? — ironizei do jeito que ela detestava. — Tudo bem então... pode se afundar nessa merda, lavo minhas mãos. Você é a mãe aqui, você é quem precisa ser responsável! Eu agora não vou mover mais nenhuma palha por você. Quer se enterrar no cigarro? Pois bem, faça! A vida é sua, Lilian... mas também... nunca mais me procure para nada.
Virei as costas e segui a passos pesados para o meu quarto.
Assim que bati a porta com força, tive a impressão de escutar ela chorando, e em segundos depois, me chamar, implorando socorro. Mesmo depois do que disse por último, não consegui ignorar o pedido, então corri em seu auxílio. Mas ao chegar perto, ela e todo o cenário da nossa antiga casa se dissipou, dando lugar a sala de espera de um hospital.
Eu me sentia mais aflito do que antes, e tudo pareceu piorar no mesmo instante que o médico surgiu para me informar:
— Sinto muito, garoto! Ela não resistiu...
Acordei em um pulo, percebendo que estava todo soado por conta desse pesadelo.
Esse dia no hospital foi o pior da minha vida.
Não gostava de relembrar, porque, além de tristeza, esse acontecimento me enchia de culpa e raiva pela minha negligência. Já tinha um tempo que eu não sonhava com isso, mas o fato de ter ocorrido agora poderia ser em razão de hoje estar completando um ano da morte dela.
Daí então a minha consciência deve ter decidido não me dá sossego, fazendo com que tivesse que reviver toda essa merda em um sonho ruim, e lembrar de tudo mesmo depois de acordar.
Por isso que o meu dia foi uma miséria, repleto de saudade, mágoa, arrependimento, fúria...
Mas esse último não fora só pelo aniversário de morte da minha mãe, também se devia ao fato do que havia rolado há uns dias: da Alina me contando que fez um acordo com aquele verme para garantir que ele não continuasse nos metendo em problemas.
Desde então vinha sentindo muita raiva pela situação, e principalmente, pela minha impotência em relação a ela.
Não podia fazer nada contra ele.
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Nossos Sonhos
RomancePara realizar seu sonho de estudar Música em uma das melhores instituições universitárias de artes performáticas do mundo, Alina Hamilton, de dezessete anos, está disposta a tudo. Até, de inclusive, quitar dívidas médicas da mãe de um cara parcialme...