04 | Aceito, Não Aceito

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BRIAN BROOKS
𝟮𝟬 𝗱𝗲 𝗔𝗴𝗼𝘀𝘁𝗼, 𝗤𝘂𝗶𝗻𝘁𝗮

— É sério que você está pensando em recusar esse acordo? — meu amigo questionou com o cenho
franzido e em um tom indignado.

Já não bastava ter que lidar com aquela garota chatíssima, agora teria que aguentá-lo com isso também.

Evidentemente ele iria querer que aceitasse essa loucura, e como atualmente estava morando na cidade, não tinha dúvidas que ficaria no meu pé até que eu cedesse.

O que me fazia pensar que provavelmente devo ter sido o Gengis Khan em outra vida...

Porque para ter que aguentar essa porra toda, só sendo a reencarnação de alguém que foi muito filho da puta no passado.

— Não só estou pensando em recusar essa maluquice, como já recusei — lhe disse, enquanto voltava a religar
a repuxadeira. — Sem chance deu aceitar esse tanto de dinheiro de uma pessoa que mal conheço. Não existe isso.

— É claro que existe — ele rebateu imediatamente. — O que não existe é alguém, que esteja com as faculdades mentais em dia, recusando TRINTA MIL DÓLARES, lhes oferecido quase que de mão beijada, como se não fosse nada.

"Quer dizer, de mão beijada não, né, porque se você topasse, ia ter que se foder para conseguir conciliar estudo, football, teatro e ainda dar conta das várias garotas que certamente iriam aparecer."

Óbvio que não demoraria para ele acabar enfiando mulher nessa história.

Além de interesseiro, folgado e sem escrúpulos, era um cabaço que nada entendia sobre a precisão de manter o pau dentro das cuecas em determinadas ocasiões.

Não que eu fosse um puritano ou virgem, muito pelo contrário, adorava foder. Só que, diferente dele, estava bem longe de me parecer com um cachorro que se encontrava constantemente no cio.

— Seria uma merda mesmo, mas, como não vou aceitar, não tenho que me preocupar — virei a cabeça para ele de maneira rápida e abri-lhe um sorriso falso. — Agora eu agradeceria se a gente pudesse mudar a conversa. Tô quase há uma semana tendo que lidar com aquela peste infernizando no meu ouvido com esse tal assunto, e hoje, que por algum milagre ela resolveu não aparecer, queria um pouco de paz, sabe?! Dá um tempo nisso — olhei-o apressado novamente e ergui o dedão para ajudar no pedido honesto que iria fazer: — Pode ser? Consegue respeitar?

E ele, mostrando que realmente não possuía melindre algum, respondeu com a voz um pouco alterada:

— Negativo! Não vou respeitar porra nenhuma, porque diferente do seu desejo por espaço durante o tempo que esteve de luto, isso é BURRICE. E agora tô bem certo do que falo, já que até o tio Greg concorda — bufei e revirei os olhos ao ouvir essa última sentença.

Mas é claro que ele concorda, tá virando um mentecapto igual você.

Quis dizer, porém, me contive para evitar uma discussão sem sentido. Tínhamos acabado de nós acertarmos.

Tyson, por outro lado, não pensava do mesmo jeito,
uma vez que continuou a falar num tom de voz mais
alto que o normal:

— Cara, você está simplesmente ESCOLHENDO parar um ano e meio da sua vida para ficar servindo mesa, ao invés de continuar correndo atrás do que sempre sonhou. Não dá para respeitar isso.

"Muitas pessoas, que estão vivendo em uma situação bem parecida com a sua, dariam tudo para se livrarem de uma vez por todas dos boletos que devem, para finalmente poder seguir com o que de fato planejou para o futuro. Daí a chance brota na sua frente, só que por conta de 'moralismo' e orgulho besta, você recusa? Meu ovo!"

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