BRIAN BROOKS
𝟬𝟵 𝗱𝗲 𝗠𝗮𝗿ç𝗼, 𝗧𝗲𝗿ç𝗮— Prometeu que iria impedir a briga! — a Nora, atuando no papel de Maria, gritou para mim, enquanto segurava o texto do musical nas mãos.
— Eu tentei... — respondi, bancando o Tony triste por ter que enfrentar seu grande amor depois de uma tragédia.
— E matou o meu irmão! Não, você me matou, Tony! É um assassino, assassino... — ela fingiu chorar ao se aproximar para bater de leve no meu peito, dissimulando indignação.
Também precisei encenar um choro falso por vê-la naquele estado.
Quando desabou por não suportar a dor de saber que alguém muito importante da sua família tinha morrido, comecei a me afastar para fingir sair do seu quarto.
Mas no prévio a avisei:
— Eu vou me entregar à polícia... Só tinha que ver você antes!
Estava pronto para escapar por uma janela imaginária, quando a Maria me segurou pelo braço, impedindo.
— Se deixar tirarem você de mim, como vou poder te perdoar por isso? — ela perguntou, ainda aos prantos.
Em seguida levantou-se do chão e veio até a mim. Não aguentei com as suas palavras, por isso me ajoelhei aos seus pés assim que se aproximou o suficiente de mim. Encaramos-nos por algum tempo, até ela, com cuidado, começar a passar a mão suave por um machucado invisível que eu tinha na testa.
Voltei a chorar, por saber através daquele gesto que não estava me odiando tanto quanto deveria.
Ela abraçou a minha cabeça ao ver minhas lágrimas e eu me aconcheguei na sua barriga, um tanto quanto aliviado por não ter perdido completamente o amor da minha vida.
— E... corta! — a Nora falou, após passarmos segundos naquela posição. — Você vai se sair mais do que bem nessa. Mal posso esperar para te assistir sobre um palco de verdade — me certificou, sorrindo, no momento que ergui os joelhos apenas para me acomodar no sofá da sala.
— Espero que sim! Mas pelo andar da carruagem...
Respondi, não tão empolgado quanto deveria, porque as circunstâncias continuavam não sendo as das melhores.
Nora era a nova babá contratada para cuidar do meu irmão, agora que a Marian conseguiu um bom emprego e precisaria passar mais tempo fora de casa. A moça todas as tardes de terças e quintas, depois que o Ben dormia, me ajudava a repassar os textos do musical, já que ainda não podia ensaiar com o pessoal oficialmente.
— Vai ficar tudo bem! Tenha fé! — a mulher de quase cinquenta anos pediu, me fazendo abrir um sorrisinho lateral para agradecê-la pelo incentivo.
Ela não sabia sobre o que estava acontecendo de fato para que não pudesse estar no auditório com o resto do elenco nesse momento, mas, tinha noção que algo estava errado. Precisei comentar somente isso com ela, quando perguntei há alguns dias se poderia me ajudar a ensaiar.
A situação com o Royce ainda se encontrava na mesma, ou seja, não tínhamos arrumado nada para obrigá-lo a deixar a Alina, assim como o meu lugar no musical. Fazia dias que estava no escuro sem poder passar os textos, coreografias e músicas com o pessoal do teatro, e pior, sem poder abraçar e beijar a minha doida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nossos Sonhos
RomancePara realizar seu sonho de estudar Música em uma das melhores instituições universitárias de artes performáticas do mundo, Alina Hamilton, de dezessete anos, está disposta a tudo. Até, de inclusive, quitar dívidas médicas da mãe de um cara parcialme...