ALINA HAMILTON
𝟯𝟬 𝗱𝗲 𝗡𝗼𝘃𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼, 𝗦𝗲𝗴𝘂𝗻𝗱𝗮Após tomar mais uma olhada severa da professora de História, calei a boca rápido e fingi estar respondendo o exercício sobre as Crises Internacionais e a Paz Armada, cujo ela havia passado e queria concluído até o fim da aula. Só que, eu não estava conseguindo me concentrar por querer terminar de contar logo ao Simon tudo o que acontecera ontem, com a aparição do Brian na cobertura.
Meu melhor amigo estava sentando na cadeira ao meu lado, e depois da comida de rabo que tomamos da Sra. Russell, ele também fechou a matraca e levou a atenção para o caderno, disfarçando que também estava aplicado a acabar com a atividade de classe, mas na verdade, parecia ridente, ao ponto dos seus lábios estarem presos e as bochechas se encontrarem vermelhas, indicando o quanto ele fazia força para não sorrir.
Acordei eufórica hoje para contar-lhe sobre o beijo. Ao chegar no colégio comecei a ficar ansiosa e agitada, tudo por imaginar o que ele diria ou pensaria sobre isso. Porém, de todas as reações que eu esperava, o Simon decidiu entregar a única que não passou pela minha mente... tá, exagero, talvez tenha passado; só que, não exatamente da forma que foi: ele esboçando uma diversão zombeteira nos olhos, a qual tentava, mas, falhava miseravelmente em conter.
Eu esperava choque dramático acompanhado de apoio, não deboche.
— Qual é a graça? — perguntei baixo a ele, quando a professora ficou de costas para gente ao se dirigir pro fundo da sala a fim de tirar a dúvida de um aluno.
— Você! — ele sussurrou e deixou uma pequena risada sair ao desprender os lábios dos dentes. — Você é muito engraçada, porque: primeiro aceitou beijar o garoto em um exercício prático do teatro, depois deu o fora nele por ter medo de se emocionar, e agora o beija de novo, com direito a roçadas no pau... tudo por não ter conseguido controlar o fogo no cu após ouvir algumas palavras bonitas. Tô rindo por imaginar qual será o próximo passo dessa história, será que vocês vão engatar uma amizade colorida e ele vai se tornar o sua P.A? Convenhamos que ele é um ótimo partido para isso.
Ironizou, me fazendo torcer o nariz em uma careta de desgosto.
P.A nada mais era do que "pau amigo", um termo que a Mai nos ensinou há algum tempo e vivia usando para denominar os seus ficantes esporádicos. Mas nunca que chegaria a esse ponto com o Brian. Se eu já estava me sentindo agoniada só com um beijo, imagina algo a mais? Não mesmo!
— Jamais chegarei a essa situação, e o que aconteceu foi só coisa do momento, nada de mais — murmurei em resposta e ainda com o nariz torcido.
— Se não foi nada de mais, então porque diabos está querendo fugir dele a partir de agora? — perguntou com as sobrancelhas erguidas em uma expressão maliciosa.
Argh! Que vontade de dar na cara dele. Não foi esse comportamento que eu pedi!
Era óbvio que iria me manter longe do Brian por um determinando período, até que ao menos os últimos acontecimentos já estivessem "frios" em nossas cabeças, afinal não queria que as coisas voltassem a ficar estranhas, e também porque estava com muita vergonha pela minha atitude.
Fui eu que o agarrei após ter dito seriamente que não poderíamos seguir por esse caminho. Com que cara eu o olharia agora depois de ter bancado a safada hipócrita? Jesus, já conseguia me ver nessa situação: mais vermelha que um tomate, a ponto de explodir. Não! Era melhor deixar passar um tempo para ver se conseguia encara-lo direito outra vez.
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Nossos Sonhos
RomancePara realizar seu sonho de estudar Música em uma das melhores instituições universitárias de artes performáticas do mundo, Alina Hamilton, de dezessete anos, está disposta a tudo. Até, de inclusive, quitar dívidas médicas da mãe de um cara parcialme...