18 | Jogando Sujo

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ALINA HAMILTON
𝟭𝟴 𝗱𝗲 𝗡𝗼𝘃𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼, 𝗤𝘂𝗮𝗿𝘁𝗮

— Então... como é que está indo o discurso da derrota? Será que posso colocar uma prévia no jornal? — o Rodnei, responsável por estar cobrindo tudo sobre as eleições do Grêmio, perguntou, tirando com a minha cara depois que eu quis saber como andava as intenções de votos no Simon.

Segundo o mesmo, meu amigo estava só com treze por cento de aceitação, ficando logo atrás da Mai, que liderava com louvor as pesquisas.

Era óbvio que seria desse jeito, considerando que ela contava com o apoio da Crystal e cia. Eu já esperava essa disparidade, agora... não imaginava que ela iria se suceder de forma tão rápida e através de algumas estratégias sujas que a chapa da Mai havia decidido usar.

Desde que foi dada a larga para a disputa, que a Zyrus e a Emmy estavam focadas em não só difamar a imagem do meu amigo e a minha, tal qual andavam espalhando fake news por aí, como, por exemplo: afirmando que se caso o Simon viesse a vencer, uma ditadura gay seria implantada na escola e todo hétero dali deveria começar a temer, pois, certamente, iria ser perseguido.

Tipo???

E isso de querer queimar outro candidato através de mentiras, a dona abelha sabia bem, vide a sua mãe, que se elegeu após conseguir cancelar a opositora na internet com dossiês falsos.

Mas o que mais me chocava, era que a Mai estava sendo conivente com aquilo tudo, mesmo sabendo as verdadeiras intenções do Simon com a presidência. Cara, ela tinha total capacidade de fazer uma campanha sem nos queimar, a maioria das pessoas na escola venerava a Crystal, era só se apoiar nisso. Não precisava deixar que espalhassem inverdades.

Estava ciente que ela precisava por imposição levar aquilo a sério e fazer de tudo para vencer, caso contrário a sua avó a impediria de fazer o que ela mais amava, que era jogar football, só que... nada justificava essa baixeza, em especial porque era contra quem ela considerava como seus melhores amigos.

Essa foi umas das coisas que joguei em sua cara, no momento que fui confronta-la depois de deixar o porco do Rodnei sem retorno. Eu a vi passar para entrar na sala de aula e fui atrás por estar bastante indignada com que estava acontecendo. Contudo, no meio da nossa discussão, ela também disse algo, que me fez calar a boca e sair do seu caminho de cabeça baixa por não saber o que dizer:

— E se fosse com você? Se fosse você e o Simon tendo que disputar para conseguir a bolsa na FormArts? Você faria tudo o que está ao seu alcance para vencer ou abriria mão, pôr o concorrente ser ninguém mesmo que o seu melhor amigo?

Fiquei sem reação ao ouvir o questionamento, principalmente porque eu não possuía a resposta para ele. Quer dizer... de ter, eu tinha: "óbvio que eu não abriria mão, mas também não faria nada sujo para prejudicá-lo. Nós competíramos de maneira justa e o melhor venceria"; só não consegui soltar na hora, pois outro pensamento sério me veio à mente.

E se no fim de tudo isso eu conseguisse a bolsa e o Simon não? Iria para Nova York sozinha, mesmo sabendo que esse era o sonho de ambos?

Com certeza ele me incentivaria a ir, assim como eu faria se fosse o contrário, mas, no fundo, sabia que iria ficar arrasada. Nos dois casos, aliás, porque a experiência não seria a mesma sem ele. Estávamos planejando isso desde os onze anos, cara... Ok, que nos conhecemos bem antes por conta da sociedade dos nossos pais, mas, a nossa amizade mesmo só veio se fortificar quando descobrimos que tínhamos esse sonho em comum. Desde então, vínhamos trabalhando duro para que os dois conseguissem as bolsas.

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