13 | Testes

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ALINA HAMILTON
𝟭𝟰 𝗱𝗲 𝗢𝘂𝘁𝘂𝗯𝗿𝗼, 𝗤𝘂𝗮𝗿𝘁𝗮

— Mulher não tem um dia de paz nesse inferno que chamamos de terra — reclamei com o Simon, depois dele terminar de contar uma super polêmica que se deu na igreja, a qual os pais do namorado dele congregavam.

Parecia que o pastor de lá foi afastado do cargo, após descobrirem um mega traição da parte dele. Segundo o meu amigo, o cidadão de bem e pai de dois filhos, mantinha uma relação extraconjugal e de anos com uma certa "modelo", que atualmente estava grávida dele.

Detalhe: a ex-esposa desse servo de Deus, que inclusive, não tinha culpa nenhuma de ter sido traída, também fora convidada a se retirar do cargo de pastora da igreja, cujo dividia com o antigo marido, somente para evitar que a história não tivesse mais visibilidade e porque a instituição cristã não queria ter associações com esse tipo de escândalo.

Quer dizer, a coitada ganhou um chifre e ainda foi demitida, só por conta da falta de caráter de um ser, que se julgava santo e abençoado para os outros, mas por trás... pintava e bordava igual a um enviado do satanás.

Absurdo!

Por isso que detestava com todas as minhas forças essa sociedade machista. Às vezes me pegava desejando que tudo se explodisse, porque na boa, era muito exaustivo e sufocante ser mulher no meio disso tudo.

Muita injustiça, nojeira, descaso... e parecia que ninguém que deveria se importava.

Que ódio!

— Pois é... — meu amigo concordou comigo, enquanto fazíamos o caminho para a sala do diretor. — E tipo, o pior para mim, foi saber que os pais do Victor são tão conservadores ao ponto de terem sido a favor da medida tomada contra a pastora — que horror, cara. — Agora imagina o que eles podem fazer se por acaso descobrirem da gente? Tô morrendo de medo por saber que aquilo têm chances de acontecer novamente... — disse, com um tom de voz aflito e com um semblante meio triste, certamente por se recordar do momento em que seus pais o deserdaram após descobrirem a sua sexualidade.

Nossa, foi horrível.

Não gostava nem de lembrar.

— Vamos torcer para que no final o amor pelo filho deles e sua felicidade, seja maior do que tudo — tentei conforta-lo, e de certa forma dar um fim temporário nesse assunto, pois sabia que essas memórias o fazia muito mal, assim como a mim igualmente.

— Eu espero muito que sim, viu, porque não quero mesmo que ele passe pelo que eu passei.

Eu também não queria.

Que ninguém, aliás, fosse escorraçado por quem deveria proteger e amar, somente por conta de como nasceu. Era muito cruel, e nenhuma pessoa merecia isso.

Os devotos que se diziam tementes a Deus, deveriam ser os primeiros a saber e propagar esse comportamento, mas, infelizmente em vários casos, não era o que acontecia, muito pelo contrário... Vide o Simon como exemplo.

Enfim, a hipocrisia.

Ao chegarmos na sala do diretor, fomos recebidos sem demora pelo mesmo, que já nos aguardava, pois, hoje era o dia que precisava efetuar o pagamento, o qual cobriria todas as despesas do clube de teatro.

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