24 | Rendida

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ALINA HAMILTON
𝟯𝟭 𝗱𝗲 𝗗𝗲𝘇𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼, 𝗤𝘂𝗶𝗻𝘁𝗮

Trinta e um de dezembro: último dia do ano e véspera de outro que vai chegar. Um, no qual não estava mais assim tão animada para receber, considerando todos os meus planos que fracassaram e por conta disso não havia mais nada com o que me comprometer... a não ser com a terapia que iniciaria em breve, após o terrível ataque de pânico que tive na noite anterior ao Natal.

Pensei que fosse morrer dessa vez.

Nas últimas crises que sofri, como no dia da audição, consegui regularizar a minha situação sozinha depois de um certo período – as dores passavam gradualmente e a minha respiração voltava ao normal após algumas lufadas. No entanto, naquela noite os sintomas duraram por muito mais tempo em comparação ao habitual, e eu tive uma sensação tão grande e horrível de morte que ao invés de me concentrar em respirar calmamente, me desesperei mais ainda, fazendo as manifestações doloridas do meu corpo piorarem.

Antes de apagar, consegui ligar para recepção do hotel e falar com o outro gerente de hospedagem, mas, lembro que só pedi socorro e depois desacordei. A enfermeira do hospital – quando despertei nele – que me informou sobre o ocorrido, e ainda relatou ser incomum desmaios assim em ataques do pânico, porém, os poucos que decorriam poderiam ser por conta da falta de oxigenação.

Nunca fiquei com tanto medo na minha vida.

Além de perder o meio principal para realizar o meu sonho, ainda desenvolvi esse distúrbio, o qual nunca sentira nada parecido antes. Fiquei dias sem comer e tendo insônia, com receio a todo instante de ter uma nova crise.

Foi horrível!

Mas, por sorte eu tinha amigos que me ajudaram a tempo, antes desse problema se transformar em algo pior.

Desde aquele dia que estava passando um período com a família Brooks. Eles vinham se esforçando bastante para me deixar bem, com companhia, e para me ajudar a seguir firme na minha psicoterapia.

Para retribuir esse imenso carinho demostrado por mim, resolvi convidá-los para passar o réveillon e assistir a queima de fogos em um resort cinco estrelas de Pipe Village. Não era mais uma aquisição do meu pai, mas até onde sabia ele era sócio, então a hospedagem de todos não saiu muito caro, já que se fosse, eles não aceitariam, depois dos presentes natalinos que eu os dei.

O resort era gigantesco, situado em trezentos e seis acres, com inúmeras piscinas cintilantes, um spa incrível e dois campos de golfe gigantescos, além de possuir várias outras quadras para a prática de esportes distintos. O espaço era cercado por vistas majestosas do deserto da cidade e das montanhas, assim como oferecia chances de explorar a área fazendo caminhada de bicicleta ou a cavalo.

Felizmente, estava todo mundo se divertindo ali e usando desse tempo crucial para descansar.

Eu principalmente!

A psicóloga, que escolhi para me ajudar, disse que os ataques estavam acontecendo de maneira constante justamente por exaustão e pressão excessiva na minha cabeça. Estava tão vidrada em me sair bem no teste para seguir os passos da minha mãe e ser perfeita, que acabei desenvolvendo esse problema – cujo vinha sendo um inferno na vida de várias pessoas ultimamente.

A Dra. Fell, nos poucos dias que fui até o seu consultório por conta das férias de fim de ano, foi quem me atendeu e aceitou começar o tratamento, para que eu aprendesse a lidar com a minha derrota e entender de uma vez por todas que não tive culpa pela morte da minha mãe ou culpa por ela não ter conseguido realizar o seu sonho.

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