23 | Crise NatAlina

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BRIAN BROOKS
𝟮𝟰 𝗱𝗲 𝗗𝗲𝘇𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼, 𝗤𝘂𝗶𝗻𝘁𝗮

— Esse é você? Meu Deus... Quantos anos tinha aqui?

A Marian me perguntou rindo, ao parar em uma foto específica do álbum que folheava.

Enquanto procurava por alguns enfeites para colocar na árvore-de-natal aqui de casa, eu havia o achado no meio das minhas coisas que trouxe na mudança. Fazia tempo que não o abria, e após a morte da minha mãe foi aí que não consegui pegá-lo mesmo, por ter inúmeras fotos dela. Só que hoje tive um lapso de coragem e resolvi mostrá-lo para minha madrasta, depois que ela pareceu bem curiosa para me ver pequeno, em razão do meu pai não parar de repetir que o Ben estava ficando a minha cara quando bebê.

Na foto em questão, que ela estava mostrando, era eu justamente no Natal e chorando horrores no colo do Papai Noel.

Realmente, o meu semblante nela estava muito engraçado, em um misto de desespero, pânico e fúria, já que eu tinha muito medo do senhorzinho de barba branca e roupas vermelhas. Na época, a minha mãe me levou ao shopping sem saber do meu pavor, só foi tomar conhecimento quando eu fiz um escândalo na minha vez de cumprimentar a figura emblemática.

Um velho estranho que nunca vi na vida, com um sorriso esquisitíssimo e uma roupa mais esquisita ainda, me chamando para sentar no seu colo e perguntando o que queria de presente dele... Óbvio que ficaria com medo, principalmente porque desde sempre a Dona Lilian me ensinou a não aceitar nada de estranhos e a não deixar que me tocassem intimamente, pois poderiam se tratar de pedófilos.

Como eu ia imaginar que o Papai Noel do shopping não era um? Não dava para saber, porra!

Hoje já não sentia mais tanto medo assim, mas ainda não ficava totalmente confortável na presença de um. Não sabíamos se com o Ben era dessa mesma forma, uma vez que a Marian decidiu que iria levá-lo para conhecer só quando tivesse mais durinho ao ter completado no mínimo três anos.

— Eu tinha uns sete aí — a respondi sobre minha idade na foto, achando graça também e terminando de pendurar as últimas bolas coloridas na árvore.

Não estava totalmente decorada, porque havia poucos enfeites para tal. A minha madrasta até quis comprar mais, porém, o meu pai afirmou que não precisava, pois ninguém de fora avistaria a árvore. Para ele, apenas precisávamos decorar a frente dela e pronto, o fundo era só esconder ao encostar o objeto na parede. Era melhor gastar dinheiro com a ceia, cuja era sua parte favorita no Natal.

— Eu também tinha medo do Papai Noel — a Marian me revelou, quando voltou a folhear calmamente as páginas do álbum. — Meu irmão que me ajudou a superar... — e a sua expressão de risonha no mesmo instante converteu-se para uma triste, como se ela tivesse lembrado de algum momento muito doloroso.

Eu não sabia se tinha a liberdade para perguntar sobre, mas fiz assim mesmo, por achar estranho o fato da outra parte da família dela, do Simon e da Scarlett, nunca ter sido mencionada antes aqui em casa.

— Seu irmão, no caso, o pai do Simon? Ou você tem outros? — perguntei com cuidado para não soar invasivo.

— Não, só o pai dele mesmo: Mason Samuels.

Apontou, endurecendo um pouco mais a expressão tristonha ao dizer aquele nome.

— Importa se eu perguntar o que aconteceu com ele? Porque nunca ouvi ninguém o citando a não ser agora e, enfim, bateu curiosidade...

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