14 | Poder Feminino

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ALINA HAMILTON
𝟭𝟲 𝗱𝗲 𝗢𝘂𝘁𝘂𝗯𝗿𝗼, 𝗦𝗲𝘅𝘁𝗮

Eu comecei a espumar e tremer igual a um Pinscher, quando a Mai me contou que o motivo RIDÍCULO, pelo qual limaram ela de fazer os testes foi: devido ao fato dela ser uma garota.

Tipo? O QUÊ???

Em pleno século vinte e um, cara!

A minha amiga fora toda empolgada confirmar com aquele machista o horário certo que iria começar os testes, e ele segundo a mesma, nem lhe deu muita bola. Apenas disse para ela nem sonhar em aparecer, porque as coisas esse ano seriam muito sérias, e não permitiria que uma garota, cujo nunca nem deveria ter entrado no time, continuasse brincando.

B-R-I-N-C-A-N-D-O?

A Mai tinha a porra do terceiro lugar no maior recorde de field goal da história e ele achava que esse tempo todo ela só estava brincando?

Ah mas, esse homem teria que me ouvir, certo?

Errado! De novo.

Pois, quando fui atrás dele em sua sala que ficava do lado do vestiário masculino, isso depois de deixar a Mai com o Simon para que ele a acalmasse, malmente fui recebida pelo escroto. Somente cheguei a perguntar a ele, sem nem mesmo da-lhe um "bom dia", que história era aquela da Mai ser cortada dos testes apenas por ser uma mulher, e aí boom!, tomei uma portada no meio da cara.

Obviamente insistir, batendo e exigindo que ele viesse me dar explicações como um homem, mas de nada adiantou. Ele somente gritou lá de dentro que tinha um time para fazer campeão e não podia perder um segundo sequer com garotas metidas a caminhoneiras e histéricas.

Ou seja, o ridículo além de se esconder, ainda ofendeu a gente, nos colocando nessas posições podres que a sociedade arcaica inventara: garotas que se interessavam por esportes considerados "masculino", eram taxadas de caminhoneiras – apelido pejorativo para lésbicas – e as que iam atrás de resolver os problemas com os ditos machos alfas, eram tiradas como histéricas e loucas, cujo não mereciam ser levadas a sério.

Ódio!

Puro ódio!

Era o que me consumia naquele momento.

A vontade de gastar todo meu arsenal de xingamentos naquele babaca chegou em um nível elevadíssimo, só que, né... precisei me controlar, caso contrário acabaria perdendo a razão, já que eram assim que as coisas funcionavam. O cara podia ser um completo filho da puta, mas se eu sequer sonhasse em xingá-lo ou até mesmo partisse para agressão, pronto, já seria considerada como a errada da história.

Por isso, que já ciente dessa patifaria, decidi ir até o diretor para reclamar e exigir que tomasse providências. Era a maior figura da escola até então, e ele deveria adotar uma atitude quanto a essa palhaçada, porque era inadmissível.

Em meio a raiva, entretanto, eu me deixei passar por completo, que estava querendo cobrar critérios de outro homem, um, cujo caráter também me parecia duvidoso, e esses, em sua maioria, costumavam menosprezar casos de machismo, geralmente porque também faziam igual.

Assim sendo, quando fui relatar para o Sr. Smith tudo o que acontecera e pedir um posicionamento direto dele, a única coisa a qual me disse foi que o time era responsabilidade exclusiva do treinador e que ele sabia o que era melhor para o mesmo. A sua pessoa não poderia interferir em nada em relação a isso, ainda mais porque se tratava de um cara experiente e eficiente no que fazia.

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