Terans - Athlético Paranaense

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Éramos campeões. O Athlético Pararnaesnse era o campeão da Sulamericana e eu não poderia estar mais feliz.

Quer dizer, poderia estar um pouco mais se não tivesse brigado com a minha querida esposa antes da concentração. S/n é cabeça dura demais pro tamanho dela, sempre discutimos por coisas bobas. Quer dizer, coisas bobas pra mim já que para uma grávida de quase dez meses importa, e muito.

Sim, quase dez meses. Nove meses e sete dias, trinta e nove semana. Aparentemente minha filha gostou muito do forninho e não está com pressa pra sair e isso tem dado nos nervos da minha mulher. Ela chora e grita por absolutamente tudo.

Eu não queria que ela vinhesse pro estádio. Primeiro porque ela veio de avião e isso não é recomendado pra grávidas, segundo por que era a final de uma competição.

Mas deu tudo certo. Depois que a taça nos foi entregue, vi minha esposa e seu barrigão no campo andando do jeito engraçado que ela anda.

- Ela não nasceu. Isso é bom. - Beijo a S/n.

- Ela tá aqui dentro a nove meses, tu acha que ela vai sair agora? Só por que tu quer? - ela debocha.

- Seria um grande presente, meu amor. - Fico na altura da barriga. - Que tal você dar esse presente pro papai, hum? -

- Ai. - S/n segura a barriga. - Eu já sei que eu perdi seu amor pro seu pai, minha filha. Não precisa me chutar. -

- Calma, pequeña. - Aliso a barriga descoberta. - Vamo? -

- Tu não vai com o time? - Ela pergunta.

- Não. Consegui um carro pra gente. - ela se apoia no meu braço. - Vamos pegar um carro e ir pra casa. -

- No Paraná? - seguro a risada. - Ah. Para de rir, é difícil raciocinar as vezes. -

- A barriga, entendi. - fecho piada.

- Eu queria ver se fosse tu. - ela bate no braço.

▪︎

- Vida. - sinto a s/n me bater.

- A água tá ai do lado. - resmungo e volto a dormir.

- Amor, a bolsa. - ela me bate novamente.

- Que bolsa, mulher? - pergunto de olho fechado. - Uma hora dessa quer bolsa. -

- Ô idiota. - ela grita. - Eva vai nascer. -

Levanto num pulo, muito assustado.

- Vai nascer? - pergunto e ela apenas balança a cabeça. - Meu Deus, ela vai nascer. Ela vai nascer. -

- Ai Deus. - Escuto S/n falar. - Onde eu fui arrumar esse homem? -

- A gente não tem uma bolsa de maternidade. - volto pro quarto. - A gente não tem nada, essa menina não pode nascer. -

- Deixa de ser doido. - ela levanta da cama com dificuldade. - Eu trouxe uma bolsa. -

- É por isso que você é a cabeça da relação. - vou até ela e beijo sua bochecha. - Onde tá? -

- No guarda roupa. - ela aponta com a cabeça. - Segunda porta. -

Vou até lá e uma grande bolsa rosa. Minha esposa é demais. Ajudo ela até o carro e corro pra maternidade.

S/n on

- Minha filha vai ser uruguaia. - David bate no volante. - Igual a mim, ela vai ser uruguaia igual o papai. -

- Eu vou ter que ficar nessa merda desse país até ela poder viajar de avião? - paro pra pensar. - Aaaaaiiiii que ódio. -

- Mi amor, calma. - passa a mão pela minha barriga.

- Calma? Calma? - grito. - Eu vou parir uma criança! Sabe o que é isso? Vai sair uma criança de três quilos pela minha buceta, inferno. -

- Amor. - vejo que ele segura a risada e eu fico mais puta. - A gente já tá chegando, calma. -

Ele dirige o mais rápido possível, as ruas estavam vazias por causa da hora e em quinze minutos chegamos na maternidade.

- Porfa, mi esposa va a dar a luz a mi hija. - Terans fala rápido e uma enfermeira aparece com uma cadeira de rodas.

- Ay, que hermosa embarazada, cuantos meses tienes querida? - Ela me olha sorrindo. Ai tia, pelo amor de Deus.

- Minha senhora, eu vou parir. Não tenho tempo de elogios. - Falo na minha língua e ela me olha sem entender.

- Perdon, ella es brasileña y tiene mucho dolor, tenemos treinta y nueve más una semana. - David diz enquanto me ajuda a sentar na cadeira de rodas.

- Oh si, es el primer bebe? - ela pergunta enquanto me empurra pelo hospital.

- Si y no quiero perderla, así que ve más rápido por Dios. - gasto todo meu espanhol.

- Calma mi amor. Todo estará bien, pronto tendrás un hermoso bebé en tus brazos. - Ela alisa meus cabelos.

- Eu vou bater nela. Eu vou bater nessa velha. - Olho pro meu marido. Eu tô aqui, morrendo de dor e a mulher querendo fazer boa vizinhança? Pelo amor de Deus eu não tenho tempo pra isso, uma criança vai sair de dentro de mim minha senhora.

Vinte horas. Essa menina passou quase dez meses dentro de mim e não satisfeita ela ainda demora mais um dia inteiro pra sair.

Eu queria tentar o parto normal. Ainda bem que os médicos entenderam e me apoiaram, mas porra que dor do caralho. Eu quase pedi pra me darem a injeção logo, até que começaram a dizer que a cabeça tinha saido. Depois foi bem rápido, eu acho. Eu não lembro.

Acordei com o som que eu mais esperava ouvir. Minha filha chorando desesperadamente. Abri meus olhos e vi a cena mais linda, David tentando acalmar Eva. Ele balançava a bebê pra um lado e pro outro.
Não ia funcionar, mas foi lindo.

- Ela quer peito. - Murmuro e ele chega perto de mim.

- Disseram que tu precisava descansar. - Ele me olha. - Eles colocaram ela pra mamar um pouco, mas ela dormiu. -

Terans coloca a bebê no meu colo delicadamente. Ela era linda. A cara do pai. Mas linda. Os olhos, boca, nariz, tudo igual o do pai. Custava parecer comigo um pouquinho só?

- Ela parece contigo. - falo chorosa. - Porque ela parece contigo? -

- Não chore mi amor. - ele limpa umas lágrimas que caíram. - Ela é linda, tão bonita quanto você. -

- Ela é igual a tu. - Choro.

Ainda soluçando, coloquei Eva no peito e me acalmei. Ela era linda.

- Ela é linda. - sorrio pro meu marido, que nos olhava com uma carinha de apaixonado.

- É claro que é. - ele alisa o rosto dela. - Tendo uma mãe linda desse jeito. -

- Para com isso. - levo minha mão até seu rosto e ele beija. - Eu te amo. -

- Eu também, mi vida. -

Fun fact: Amanhã Neymar, Cristiano Ronaldo e eu fazemos aniversário. Quem amou?
Pedido de willy_wonka012
Espero que tenha gostado!
-S.

Imagines || JogadoresOnde histórias criam vida. Descubra agora