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Gaspar 🕊

A Luana acordou procurando algo com os olhos, eu encarei ela aliviado e ela passou a mão na barriga soltando o ar, cheguei do lado dela e ela me encarou, demorando um pouco pra falar.

Luana: Você estava certo, João você tava certo esse tempo todo.- Falou ficando nervosa.- Eu deveria ter ficado, eu não podia ter deixado ela sozinha, o que fizeram com ela foi horrível...

Gaspar: Calma cara, respira.- Ela segurou minha mão deixando as lágrimas caírem e negou com a cabeça colocando a mão no rosto.- Não é esse pensamento que a gente tem que ter agora.

Luana: Por que, João? Por quê? - Falou com a voz abafada por causa da mão no rosto.

Gaspar: Te amo, tá legal? Tô aqui.- Falei beijando a mão dela e ela tirou a mão do rosto me abraçando.

Luana: Cadê a Andressa? Ela pode vim aqui? - Falou ainda abraçada comigo.

Gaspar: Polícia tá no morro, eles tão na trocação, eu não consegui nem falar com ela ainda, mas acho que o Coronel falou e deve tá com ela.- Falei me soltando dela aos poucos.

Luana: O Jorge tá bem? - Falou com a respiração acelerada.

Gaspar: Tá calmo pra esperar mais um mês.- Sorri fraco e ela respirou fundo.

Luana: Tá doendo um pouco.- Falou engolindo o choro e passando a mão na barriga.

Me afastei dela apertando o bagulho de chamar a médica, encarei ela vendo ela deitar a cabeça na cama e limpou o rosto inchado de tanto chorar. Me aproximei beijando a bochecha dela e ela passou a mão na minha nuca, quando eu me afastei ela gemeu de dor e se encolheu.

Luana: Tá doendo mais.- Falou manhosa e a porta abriu, a médica que era a que acompanhava desde o começo a gravidez.

Laura: Calma lá, mocinha. Muitas emoções, certo?! - Falou tocando na barriga da Luana e fez uma cara de pensativa.- Tá doendo quanto de 0 a 10?

Luana: 5.- Falou baixo olhando pra barriga.- Cada minuto aumenta mais.

Laura: Preciso que você levante e caminhe um pouco, pode ser?! - Falou colocando os bagulhos que tavam na mão dela em cima da cama.

Gaspar: Por que? - Cocei a cabeça preocupado.- Tu falou que meu moleque tá bem, cara.

Laura: E talvez, seu moleque esteja um pouco ansioso pra vim ao mundo.- Eu abri um sorriso, Luana negou com a cabeça abrindo maior olhão e eu soltei uma risada fraca.

Luana: Ele não pode, hoje não.- Falou negando.- Eu me nego a ter o Jorge no dia de hoje, não adianta.

Laura: Você por acaso tá me dizendo que pretende esperar 15 horas pra deixar seu filho nascer, dona Luana? - Falou desacreditada e eu abri maior olhão.

Gaspar: Para com isso maluca.- Falei batendo na testa dela.

Luana: Tem problema? - Me ignorou e a Laura riu me olhando.

Laura: Ele já tá querendo vir ao mundo precocemente, Lua. Não esqueça que você completou os oitos meses agora, eu acho arriscado segurar e vai doer bastante, vai doer mais do que a dor do parto em si.- Falou encarando.

Gaspar: Para de ser doida, te falta uma mente boa igual a minha.- A Laura riu.

Luana: Eu vou tentar, prometo que se passar do meu limite de dor a gente faz o parto.- Me olhou.- Por favor, eu não quero que ele nasça na mesma data que tudo aconteceu...

Gaspar: Tem certeza que isso não vai dar ruim? - Falei sério com a Laura, sentindo a Luana segurar minha mão.

Laura: Não vai, já acompanhei muitas mães que fizeram o mesmo. Mas o repouso tem que ser total.- Apontou e a Luana concordou.- Qualquer coisa me chama urgente.

Eu cocei a cabeça vendo ela sair e cruzei os braços olhando pra Luana que negou na mesma hora com a cabeça passando a mão no rosto, ela se encolheu com a mão na barriga deitando a cabeça de lado e começou a chorar de novo, eu me afastei respirando fundo e fui ligar pro Orelha pra saber o que tava rolando com o Goiaba.

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