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Orelha 🦅

A festinha era bagulho nosso, as meninas tavam na casa do Coronel e a gente tranquilão na casa do Goiaba. Bagulho foi conversa, droga e bebida igual maluco, fazia maior cota que a gente não fazia esses bagulhos.

Eu nem sei onde dormir, sei que acordei com a cabeça girando e tava jogado no chão, Gaspar deitado no sofá, Goiaba do outro lado do sofá, e Coronel dormindo sentado na cadeira.

Passei a mão na cabeça e me estiquei no chão, virei pro lado e voltei a dormir, tranquilão com a vida. Nem sei quanto tempo passou, sei que senti água na minha cara e acordei no susto, me sentei no chão sentindo meu rosto molhado e escutei as risadas.

Goiaba: Pode dar vacilo aqui não filho, tá maluco?! Que bandido é esse? - Falou rindo.

Orelha: Vai tomar no cu ein, maior criança, se manca! - Falei passando a mão no rosto.

Coronel: Goiaba deveria tá juntando os pino de cocaína ai, mulher deve ver esse bagulho explana pra geral.- Falou se jogando no sofá.

Goiaba: Eu? Se virem aí, vocês que procurem onde jogaram.- Peguei a blusa do Goiaba que tava em cima do sofá limpando o rosto.

Gaspar: Bora descer carai, tô com fome e as meninas devem ter feito comida.- Falou me chutando.

Orelha: Vai tomar no cu ein.- Bati no pé dele, e o Coronel me puxou.

Coronel: Bora subir, manda alguém vim limpar essa porra aqui, Ana vai encher cabeça se tiver tudo bagunçado.- Me levantei ficando do lado dele.

Goiaba: Vai pagar a mulher pra limpar? - Neguei com a cabeça.

Orelha: Maior pão duro.- Falei sentindo o sol bater no rosto e reclamei.

Tirei a blusa do corpo e coloquei na cabeça, os menor fizeram a merma coisa e a gente chegou na casa do Coronel, tava maior bagunça das garotas lá e eu bati o olho da Mariana, que explicava alguma coisa pro Miguel, que escutava com atenção e interessado.

Andressa: Você tá sem camisa por aí por quê? - Falou na cozinha.

Coronel: Ih, que isso?! - Balançou a cabeça pra ela, indo pra perto dela.

Gaspar: E aí carinha, cuidou delas? - Falou abraçando a Luana que tava em pé apoiada na parede.

Miguel: Sim, tio.- Falou sorrindo.

Luana: Você tá fedendo a bebida.- Falou se afastando dele.

Gaspar beijou o rosto dela saindo de perto e olhou pro Jorge que dormia na cadeirinha, me sentei do lado do Miguel e ele me olhou.

Miguel: Faz quantas dias que você não toma banho? - Falou com cara de sapeca e eu soltei uma risada.

Orelha: Tá malandrão.- Ele sorriu mostrando os dentes faltando.

Ana: Miguel, seu almoço tá pronto! - Gritou da cozinha e ele deu um pulo, olhei pra Mariana que desviou o olhar e coloquei a blusa no ombro.

Orelha: E aí ein.- Falei com ela.

Mari: Oi.- Me olhou séria.- Aproveitando, obrigada por ter falado com meu pai e me tirado de lá.

Orelha: Ele foi preso? - Mariana sorriu fraco.

Mari: Se foi, não importa. Ele sai quando quiser, e a ficha continua limpa, você viu bem qual lado ele tem do lado. Eu tenho que conviver com o risco.- Deu os ombros.

Orelha: Entendi, logo menos vou mandar fazer uns corres com ele ein.- Brinquei vendo ela me encarar.

Mari: Falando assim até fica parecendo se importa a esse nível.- Encarei ela.

Orelha: Quem te disse que não, doutora?!

Mari: Você não me procurou pra saber se eu estava bem, ou algo do tipo. Só jogou nos meus pais e foi embora, acho que esperava um pouco mais. Porém, a expectativa foi toda minha! - Piscou.

Orelha: Só saí de perto quando te vi sendo levada em segurança, não ia me meter no meio de polícia só pra falar contigo. Teu coroa mandou me afastar, te dei um espaço pô.- Falei olhando o Miguel comendo.

Mari: Acho que eu já sou bem grandinha pra pessoa que se envolve comigo tá escutando o que meu pai fala, em relação a mim.

Orelha: Respeito o velho, doutora! Se minha filha tivesse com um cara e ele deixasse ela ser levada, como eu deixei, eu iria meter a coça no molequin.- Ela riu.

Mari: Tudo bem! - Falou desviando o olhar e eu passei a mão pelo pescoço dela.

Dei um beijo na cabeça dela vendo o Gaspar aparecer de banho tomado e com uma roupa do Coronel. Eu animei na ideia também e meti o pé pro banheiro, escutando altos xingamentos do feio que se achava dono da própria casa. 

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