Luana 🧚♀️
Parecia que isso não tinha um fim, que a paz se instalava por breves momentos pro caôs vim de uma vez, machucando tudo. Eu estava quietinha em casa vendo o Jorge dormir, o Gaspar cumpriu o que havia me prometido de fazer uma casa linda pra nós.
Havia um quarto incrível de bebê, um quarto só pra mim por enquanto, um dele, um quarto só pra diversão do bebê e dele, porque havia vídeo game lá. Havia uma área do churrasco, mas também tinha uma piscina pra criança e pra adulto, tava tudo tão bonito...
Eu olhava pro Jorge pensando se ficaríamos nessa guerra, passando por meio de sustos, chorando por medo de perder alguém, se iríamos perder alguém...
O Gaspar chegou com a ajuda dos meninos e eu fiquei quietinha olhando o Jorge dormir, escutei ele tomando banho, o Coronel veio falar comigo e perguntar se tava tudo tranquilo, apenas respondi que sim, mesmo cansada.
Orelha também passou pra ver o Jorge e eles ficaram aqui conversando comigo por uns minutos.
Luana: Tragam o Goiaba pra casa também, sei que ele acabou de fazer uma cirurgia, mas ele lá deixa ele muito mais vulnerável do que aqui.- Falei olhando pro Jorge.
Coronel: Os moleques tão indo buscar ele, a gente conseguiu desenrolar uns enfermeiros, ele vai voltar.- Sorri fraco.- E amanhã Andressa quer fazer um bagulho lá em casa, então ela quer geral lá.
Orelha: Anunciar casamento ou gravidez? - Falou brincando.
Encarei o Coronel que deu os ombros desconfiado e eu sorri sabendo que era um dos dois. Quando o Gaspar apareceu, chamou os dois pra conversar e eu fechei os olhos enquanto me balançava devagarzinho na cadeira, até o João Lucas entrar no quarto.
O rosto todo machucado, alguns arranhões pelo braço e com cara de cansaço. Ele sentou na cama berço ajeitando e eu olhei pra ele.
Luana: Fico pensando por quanto tempo isso vai durar. Quantas vezes eu vou precisar ficar preocupada com vocês, quantas vezes ir em hospitais...- Falei baixo.
Gaspar: Por mim isso acabada agora.- Falou com a voz de cansado.
Luana: Será que o nosso filho vai ter uma infância normal? - Questionei vendo ele me olhar.- Ou será que eu não vou poder levar ele á praia, não vai poder sair pra ir no shopping, brincar com outras crianças... Será que eu vou ver ele crescer? Ou você vai? - Falei passando a mão no rosto.
Gaspar: Não começa Luana, esse peso tá tão pesado pra você quanto pra mim! - Falou bolado.- Eu não tô com cabeça pra isso.
Luana: Eu também não, eu juro que não.- Falei me levantando.
Gaspar: Encosta aqui.- Falou quando eu fui sair do quarto, me sentei ao lado dele e ele me olhou, segurando meu rosto.- Você sempre vai tá aqui com ele, independente do que acontecer comigo, você sempre vai tá segura com ele.
Luana: O problema é você não estar conosco! - Falei olhando pra ele que respirou fundo.
Gaspar: De alguma forma eu sempre vou estar, relaxa.- Passou a mão no meu cabelo.- E a agora que tu vai voltar a pintar o cabelo de loiro, tudo vai tá tranquilo.
Luana: Vai se foder.- Soltei uma risada.
Gaspar beijou minha testa calmamente e eu deitei em seu peito respirando fundo, ele ficou fazendo carinho meu rosto e ficamos um bom tempo em silêncio. Evitei falar porque naquele momento eu sentia a mesma intensidade de um peso saindo do meu corpo, e também, de um peso gigante entrando.
Por longos minutos antes do Jorge nascer, achei que não suportaria, achava que eu iria entrar numa depressão fudida pós parto, que eu ia me afundar e pronto. Mas ver todos aqueles que eu amo bem me deixou calma, me tranquilizou e me fez entender o significado de uma família.
Ver o João Lucas chorando pela primeira vez, o olho brilhando e como ele parecia estar orgulhoso e feliz, também me trouxe luz. Era uma luz de recomeço, eu precisava me apegar a coisas que me trazem esperanças, porque meu coração me dizia que tanta coisa ruim ainda iria acontecer...
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Estilo vagabundo.
Teen FictionHistória do Orelha. Quarta e última temporada de "lance criminoso." Desde novinho cresceu vendo coisas erradas, vivendo num mundo torto, cheio de ideias tortas. Aprendeu ter o coração grande, talvez grande demais ao ponto de ser incapaz de amar só...