Carina 🍄
Eu estava em êxtase, meu corpo ainda tremia assim como minha mente desacreditava do que eu havia feito. Acho que a sensação seria melhor se eu não tivesse errado, se quem estivesse morto agora fosse o Orelha.
Como tinha que ser, como era pra ser.
Tudo isso acontecia e o arrependimento batia, eu me sentia muito burra por tudo. Desde o índio até atual momento.
Tudo tinha começado por amor, eu amava o Orelha, amava quem ele era comigo. E quando ele chegou pra me dizer que queria terminar, que estava enjoado, eu não consegui aceitar, não quis crer que aquilo real, como podia ser?
Eu tentei continuar com o nós, tentei fazer dar certo, não queria largar ele, não queria ir pra longe dele e foi assim que eu caí numa dependência fudida dele, era como se a possibilidade dele de afastar me matasse.
Mesmo ao descobrir cada traição, principalmente aquelas que eram feitas debaixo do meu nariz, eu sentia a mesma sensação. Mas eu me convencia que podia mudar, que ele ia mudar uma hora, que ia me amar novamente e que iria ficar tudo bem, afinal como um amor podia acabar?
O meu maior erro foi acreditar nisso, foi me convencer que uma hora daria certo, foi aceitar tudo, me fazer de cega, só pra ter um amor meia boca. E no final não tive isso, e eu infelizmente tive que me virar como podia.
Tinha sido tarde demais pra acordar, já tinham se jogado 4 anos no lixo, minha vida estava perdida, eu já estava no fundo do poço e não tinha mesma sorte que a Luana ou Andressa, alguém pra me salvar, ou amizades pra me dizer que vai ficar tudo bem. Eu sei o quão errado tudo isso foi, mas já tinha sido feito, e agora eu precisava continuar viva, de alguma forma.
Me encolhi no chão frio quando escutei alguém entrando em casa e respirei fundo. Eu estava escondida na casa do orelha, na nossa casa, ou sei lá. Tinha pisos em falso no nosso quarto, tinha um esconderijo subsolo caso ele precisasse de esconder, polícia invadisse o morro e agora eu estava usando.
Sabia que ele estaria com a cabeça queimando ao pensar em tudo, ele não teria cabeça pra pensar no mais óbvio agora, e eu só precisava de dias.
— Tá sentindo cara? Vai ter guerra por toda lado agora.- Escutei os meninos falando e continuei quieta.
— Ih cara, nem imagino. Ficou sabendo que o Fábio, aquele que era tenente da polícia matou a avó da loira? - Eu abri a boca surpresa.- Coronel tá pirado, tá com ódio do caralho. Fui falar com ele e ele quase me batia.
— Quando ele descobrir quem foi que deu o endereço, tá fudido mermo.- Falou tossindo.- Bora meter o pé, Carina não tá aqui.
Meu coração batia forte e eu coloquei a mão na boca.
Havia sido eu, havia sido minha culpa.
Certo dia eu saí do morro pra acalmar a mente, tinha descoberto que o Orelha pegou uma das meninas que andavam comigo e precisava ficar um pouco longe, e assim fiz.
Mas quando estava na lanchonete tomando meu suco, um cara sentou na minha frente. Ele me parecia familiar, mas não tanto. Eu visivelmente incomodada pedi pra ele sair, mas ele não saiu e começou com uns papos sobre o morro, sobre as pessoas do morro.
Eu estava com raiva, eu estava com tanto ódio e ele me falava que queria matar o Orelha, pra começar uma vingança. Eu não sabia como, mas ele sabia tudo sobre o morro, sobre os meninos, sobre a Luana, Andressa... E eu estava com tanto ódio, que nesse dia eu passei a ele o endereço certo da casa da vó da Luana e Andressa
Uma semana antes havia escutado o Orelha falando em voz alta, enquanto anotava. Porque na semana seguinte eles iriam pra lá. Então eu dei o endereço que estava na minha mente pro homem porque o Orelha tinha ido pra lá, o homem me prometeu que iria matar o orelha e se vingar por mim.
E isso aconteceu quando a Luana só tinha quatro meses de gravidez, até hoje eu não entendia o porquê de ter sido enganada pelo homem que pegou o endereço e não fez nada, não sabia nem se quer o nome dele.
Mas aí escutar que a avó das meninas morreu, eu comecei a entender tudo. Eu não havia cavado a cova do Orelha e sim, de uma pessoa totalmente inocente por puro capricho e raiva de hora minha, porque assim que o Orelha voltou daquela viagem, eu voltei pra ele de braços abertos...
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gente não tô conseguindo colocar mídia, alguém faz alguma coisa 😭
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Estilo vagabundo.
Teen FictionHistória do Orelha. Quarta e última temporada de "lance criminoso." Desde novinho cresceu vendo coisas erradas, vivendo num mundo torto, cheio de ideias tortas. Aprendeu ter o coração grande, talvez grande demais ao ponto de ser incapaz de amar só...