Orelha 🦅
O resto do dia foi tranquilo como geral tava precisando, já tava na hora da janta e eu tava conversando com os moleques e as meninas tavam discutindo o que a gente iria comer, tava marolando nos papos ali até lembrar da Vanessa e o Miguel, cocei a cabeça e decidi levar eles de volta, até porque o bagulho já tinha acabado.
Orelha: Vou ali resolver um bagulho, marca meia hora que eu volto.- Falei levantando.
Gaspar: Qual foi? - Falou me olhando.
Orelha: Levar a irmã da Carina e o menor pra casa.- Goiaba levantou.
Goiaba: Eu vou também, melhor do que tu descer pra pista sozinho.
Coronel: Se é por isso, eu vou. Nem tu, nem o fantasma tão em condições de tá andando por aí.- Falou batendo na cabeça do Goiaba.- E eu vou render pra garota lá que fortaleceu.
Andressa: Vai fazer o que? - Falou olhando pra gente.- Ela te fortaleceu em que, garoto?
Orelha: Se eu te contar...- Gastei e ela fechou a cara.
Coronel: Vou render uma grana cara, a garota fortaleceu aceitando vim pra cá de boa. Tu tá ficando maluca ein.- Falou abraçando ela de lado.
Goiaba: Mulher nunca fica maluca atoa.- Debochou colocando pilha e eu soltei uma risada.
Andressa: Você tem alguma coisa pra me contar, Goiaba? - Falou colocando as mãos na cintura com ar de riso.
Coronel: No dia da invasão, quem me ajudou foi a Beatriz, mãe da Clara.- Falou negando com a cabeça e passando a mão no cabelo da Andressa.- Ela voltou um dia antes e eu tava na rua da casa dela, ela me ajudou e ele tá nessa até agora.
Andressa: Ué, você quer que eu brigue com ela por ajudar o Coronel? - Falou olhando pro Goiaba.- Vai arrumar o que fazer ein, feio.
Orelha: Verdade mana, muito sábia você.- Falei puxando o Coronel.
Goiaba: Saudades de ir pra um baile e ver uma briga, as mulheres de hoje estão muito chatas.- Falou deitando a cabeça no ombro da Ana.- Ai Luana, sabia que a Andressa já beijou o teu marido?
Neguei com a cabeça saindo dali e a gente pegou o carro indo até a casinha, entrei vendo o Miguel assistindo desenho e a Vanessa no sofá mexendo no celular, ela me olhou e encarou o Coronel se encolhendo no sofá.
Orelha: Bora, vou te levar pra casa.- Miguel se levantou, correndo na minha direção assim que ouviu minha voz.
Miguel: Tio dumbo.- Eu soltei uma risada pegando ele no colo e ele me abraçou.
Miguel tinha cinco anos e eu só tinha visto ele umas cinco vezes, na primeira vez que a gente se viu foi na casa da mãe da Carina, ele tava assistindo o filme do dumbo quando eu cheguei lá, o menor me perguntou qual era meu nome e antes mesmo de eu responder, Carina gastou dizendo que era dumbo. E até hoje o moleque me chama assim, mesmo eu falando pra ele me chamar de orelha.
Orelha: E aí menor, curtiu os dias aqui? - Coloquei ele no chão e ele negou.
Miguel: Toda vez ficavam soltando fogos aqui, eu tenho medo.- Se referiu aos tiros e eu passei a mão na cabeça dele.
Vanessa: Vou só pegar as bolsas.- Falou se levantando e ele sentou de novo, olhando pro desenho.- Me ajuda aqui, orelha.
Coronel: Tio dumbo é.- Falou baixo me gastando e eu fechei a cara prendendo o riso e fui ajudar ela, tinha umas três bolsas cheias de bagulho no quarto e eu nem sabia a necessidade dela trazer tanta coisa.
Vanessa: A Carina tá bem? - Falou dobrando uma roupa do Orelha.
Orelha: Suave.- Peguei as bolsas colocando nas costas e ela colocou os negócios dentro da outra, fechando e me olhou.
Vanessa: Você vai machucar ela? - Fiquei calado.- Ela é minha única família viva agora, não faz isso...
Orelha: Pô, ela tem que assumir as responsabilidades dos atos dela, mesmo assim, ainda não tem nada decidido. Ela te ajuda em algum bagulho?
Vanessa: Algumas despesas do Miguel, mas não é sobre isso. Deixa ela ir morar comigo.
Orelha: Cadê o pai do moleque mermo? - Vanessa me encarou.
Vanessa: Ela nunca te contou? - Neguei.- Ele me batia, uma vez denunciei e ele foi preso. Eu fui parar no hospital mas ele só saiu morto da prisão.
Orelha: Eu ajudo com o que precisar, tô ligado que tu não é uma mina ruim. Depois resolvo esse bagulho, bora logo.
Ela concordou com a cabeça e passou por mim, nem evitei de olhar dos pés a cabeça e admirar o quanto ela era gostosinha e ia render maneiro, mas fiquei tranquilo e a gente saiu dali indo pro carro. Vanessa não era vagabunda no papo dez, ela trabalhava e fazia curso, se virava em várias pra dar tudo de melhor e uma educação maneira pro moleque, eu vi de perto isso.
Mas antes ela tinha ajuda da mãe e da irmã, não sei nem o que vou fazer com a Carina, mas de qualquer forma, achava maneiro ajudar e não tinha nada a perder por causa disso.
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Estilo vagabundo.
Teen FictionHistória do Orelha. Quarta e última temporada de "lance criminoso." Desde novinho cresceu vendo coisas erradas, vivendo num mundo torto, cheio de ideias tortas. Aprendeu ter o coração grande, talvez grande demais ao ponto de ser incapaz de amar só...