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Gaspar 🕊

Eu tomei um banho enquanto altos bagulhos passavam pela minha mente, eu fiquei maior tempão ali sozinho pensando em tudo mesmo, no papo dez, mesmo doendo pra caralho andar sozinho, precisava pelo menos de uns minutos pra pensar.

A gente ainda tava na casa do Coronel, não tava afim de voltar pra casa hoje e geral ia ficar aqui, então não marolei nisso. Quando eu saí, senti o cheiro de perfume de bebê e a Luana tava falando com o Jorge enquanto vestia ele, que tinha um sorrisinho de malandro sem dente.

Luana: Quer ajuda? - Me olhou rápido, se sentando e colocando o Jorge no colo pra ajeitar o cabelo dele.

Neguei com a cabeça colocando minha bermuda que tava em cima da cama e me deitei, ela terminou de ajeitar o Jorge colocando ele no meio da cama e do meu lado, me olhando.

Luana: Vou tomar um banho.- Falou apontando pro Jorge e eu balancei a cabeça.

Olhei pra ele que tava quietinho e fiquei mexendo com ele ali, ela tomou um banho rápido e colocou uma roupa, sentando na cama, enquanto penteava o cabelo.

Luana: Você quer conversar sobre o que aconteceu lá? Dá pra ver de longe que você não tá tranquilo, mesmo aqui.- Falou me olhando.

Gaspar: Não pô, tá suave! - Falei olhando o Jorge balançar meu dedo.- Só tô batendo cabeça com isso, os bagulhos que ele faz e tal, até as paradas que ele falou.

Luana: Ele é muito sujo, eu sei que é difícil e espero que você não leve nada do que ele falou pra sua mente.

Gaspar: Não foi por mim, foi por você.- Falei baixo.- Cada bagulho que ele falou sobre você brincou mais com minha mente do que qualquer bagulho que ele fez comigo.

Luana: Queria muito te dizer pra esquecer isso, mas eu mesma não esqueci... Hoje quando ele parou na minha frente me senti a mulher mais fraca do mundo e...- Interrompi ela.

Gaspar: Tu saiu do morro? - Falei sério, olhando pra ela pela primeira vez.

Luana: Fui salvar o dia.- Falou brincando com os dedos.- Eu só quis fazer tudo que podia pra te ter aqui.

Gaspar: E tu podia ter feito isso em casa, com o nosso filho em segurança.

Luana: Mas eu sou boa em atirar.- Rebateu dando os ombros.

Gaspar: Tu acertou de raspão no Coronel garota, imagina se fosse ruim.- Ela soltou uma risada.

Luana: Você tá bravo? - Neguei.

Gaspar: Eu sei que você consegue fazer esses bagulhos, não me preocupe por isso. Mas isso não é corre seu, teus corres são outros e não quero tu fazendo isso.- Falei respirando fundo.

Luana: Na real não é algo que eu goste de fazer, mas eu sempre vou estar disposta a fazer isso pra proteger qualquer um daqui.- Confirmei com a cabeça.

Gaspar: Eu amo você e tal.- Falei vendo que o Jorge tava de olho fechado quietinho.- Você e ele, cada minuto que passava a minha mente só reforçava mais esse bagulho, que era tudo por você e por ele.

Luana: Eu também amo você, você e sua mini cópia.- Falou beijando minha testa e meu deu um selinho.- Não esqueça que ainda estamos separados, então só vamos voltar com um vestido branco e coisas do tipo.

Gaspar: Nem fudendo.- Falei rindo e ela me chutou.

Luana: Por isso eu amo ser solteira.- Falou deitando de costas pra mim.

Eu fiquei olhando pra ela e soltei uma risada, me ajeitei e fiquei ali vendo o escuro do quarto, escutando a risada do Goiaba e da Ana, mas não consegui pregar o olho por um minuto da madrugada toda.

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