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Orelha 🦅

Consegui convencer os moleques a deixarem a Luna ajudar, mas tava dando minha vida que não ia acontecer nada com ela. A Carina tinha voltado pro morro com um moleque junto dela, os dois ficaram trancados na salinha mas o moleque passou várias informações.

A hora que entrava e saia, trocas de turnos, falhas e maneiras de entrar e sair de lá. Eu não tava confiando, mas nos últimos minutos do segundo tempo eu não tinha mais nada pra duvidar.

Coronel: O plano tá no teu nome, qualquer erro quem vai tomar nos peitos é você, se ligou? - Apontou pra mim.

Orelha: Eu só te garanto que o Gaspar chega aqui vivo.- Neguei.

Andressa: E você também, Orelha. Não é questão de escolher ou você, ou ele. São os dois, os dois devem chegar juntos aqui.- Falou me olhando.

Balancei a cabeça ignorando a fala dela e saí vendo que os moleques tavam na frente da boca esperando. Tinha altos moleques aqui de morro aliado, do comando que mandou uns moleques, os daqui. A gente tinha tudo pra voltar pra casa tendo uma vitória tranquila.

Luana foi com uns moleques pra casa da zona norte. Ela tinha ligado pro Fábio e fez maior teatro implorando pra ele mandar o Gaspar pra casa, dizendo que ficaria no lugar dele e altos bagulhos. Até ele propor eles se encontrarem, claramente ele não tinha noção ainda do quanto a Luana tava mudada, de que ela tinha ficado mais forte e não era a menina inocente na qual ele se acostumou.

Ela foi com a tropa e o comando do Coronel, mandei colocar um rastreador na roupa dela caso desse errado, mas eu sabia que ela ia conseguir e daqui pra frente, tava nas mãos dela e o do Coronel.

Dentinho: Tá na hora, a gente tem meia hora pra chegar lá.- Chamou minha atenção.

Concordei com a cabeça e me benzi indo pra garupa da moto. Os moleques saíram tudo voando, parecia apostando corrida. Quando a gente chegou no morro já foi recebido com tiro, mermo assim alguns continuaram e outros foram trocar, como o combinado.

Minha tropa subiu o morro tentando fugir dos tiros, pra maioria deu certo, os outros desculpa desceram pra dar contenção. Chegamos na rua antes e a gente foi correndo até a casa, tinha muito segurança por ali e a gente começou a trocação.

Igual cena de filme, os moleques jogaram granada de fumaça e tudo. Eu entrei pela porta de trás e sai atirando em tudo que via pela frente, até entrar na salinha e vê o Gaspar quase se afogando no próprio sangue.

Ele tava só de cueca, todo sujo, tinha um ar condicionado na sala que deixava tudo gelado pra caralho, o rosto todo cortado e se eu não reconhecesse aquelas tatuagens, diria que não era meu irmão.

Orelha: Ei caralho, tô aqui, tô aqui...- Joguei o fuzil pra trás me agachando do lado dele que parou de tossir respirando fundo.- Bora irmão, a gente não tem tempo.

Gaspar negou com a cabeça voltando a tossir enquanto o sangue descia pelo seu rosto, eu levantei ele com força ajeitando do meu lado e os moleques chegaram com uma toalha enrolando ele e me ajudando a sair dali quase que correndo.

Assim que a luz do sol bateu na gente, o Gaspar fraquejou e apagou, meu coração tava a mil e eu nem sabia o que fazer direito. Mas os moleques me guiaram e a gente deu um jeito de descer com ele na moto, até chegar na entrada e pegar no carro.

Orelha: Gaspar tá comigo, pode recuar. Recua o mais rápido possível, como combinado, cada um segue um caminho.- Falei no rádio.- Pro complexo do lins.

Leo: Jae, Coronel falou que o bagulho tá se complicando lá na zona norte, Fábio deixou homem dele espalhado por todo lugar.- Balancei a cabeça nervoso.

Orelha: Caralho, tá foda. Manda uns moleques dos nosso pra lá, pode chegar atirando em qualquer um inimigo.- Leo concordou pegando o rádio.- Não é pra matar o Fábio, quero ele vivo.

Tentei acordar o Gaspar mas nada tava funcionando, a gente chegou no postinho e eu meti ele pra dentro gritando com qualquer um que tentou encher minha mente, ele foi atendido com urgência e eu fiquei ali tentando contato com o Coronel.

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