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Vanessa

Eu estava assustada, com medo e não sabia nem o que fazer direito. Desde a morte da Carina eu vinha recebendo mensagens ameaçadoras, sentindo que era seguida o tempo todo e estava ponto de surtar. No começo achei que era até brincadeira de mal gosto do Orelha porque eu não rendi assunto com ele, até chegar ao ponto de me assustar de verdade.

Quando eu tava levando o Miguel pra escola, senti novamente que tinha alguém me observando, mas isso ficou ainda pior quando eu vi uma mulher passando no carro e me encarando muito, e eu acabei colocando que ela tava envolvida em alguma coisa.

Desesperei na hora, comigo sozinha era um tanto faz, mas a possibilidade de acontecer algo com o meu Miguel, era capaz de me deixar a beira de um surto. Então arrastei ele o mais rápido possível pra dentro da escola dele, que já estávamos perto e liguei pro irmão do pai do Miguel, que era muito presente e as vezes eu ficava, então era minha maior ajuda.

Ele veio, ficou sem entender nada e eu só falei pra ele que não queria conversar na frente do Miguel, até porque o meu filho estava muito chateado por não ter ficado com os coleguinhas na escola. Quando cheguei em casa o surto veio, tava exatamente tudo bagunçado, como se tivesse passado um furacão, comecei a chorar com medo do que vinha por ali e só corri pra pegar as coisas do Miguel.

No quarto havia uma mensagem de pixação e eu só ignorei tudo, saindo o mais rápido possível dali, mas antes deixei um aviso pra minha vizinha e amiga, que eu sabia que era só veria quando chegasse do trabalho. Era bem claro, se ela tentasse ligar pra mim quando chegasse e não conseguisse falar comigo, era pra ela mandar mensagem pro número do Orelha.

O Pedro também havia ficando sem entender nada do que tinha visto e pedi pra ele me deixar no morro, ele queria que eu ficasse na casa dele, mas pra mim o lugar mais seguro do Miguel era com o Orelha. Após deixar ele lá, o menino que foi mandado me deixar no trabalho desceu o morro comigo na moto.

Com o Miguel salvo eu poderia ir pro meu trabalho sem preocupação, porque eu tinha certeza que ninguém iria invadir o shopping pra entrar na loja de roupas e me sequestrar, mas nem precisou disso, álias,

Vanessa: Ou garoto, tá maluco? Esse não é o caminho.- Falei olhando pra ele pelo retrovisor.

Vitin: Tenho uma entrega pra fazer antes, espera aí.- Falou acelerando a moto.

Dali eu percebi que era só ladeira abaixo, que esse moleque era um safado e ia fazer alguma coisa errada. Tirei o celular do bolso na hora tentando disfarçar, mas assim que ele percebeu, fez um zig-zag com a moto fazendo meu celular cair no chão.

Encarei ele que só acelerou mais e quando eu vi já estava em um morro, reconheci ser a mangueira pelos desenhos e assinaturas na parede, fechei os olhos sentindo lacrimejar e neguei com a cabeça. Eu já tava totalmente entregue, já sabia que tava fudida mas odiava o pensamento que dizia que eu nem havia me despedido do Miguel direito.

Me levaram pra uma sala e eu tentei resistir, até levar um soco na boca que me fez começar a sangrar sem parar, eu estava quase engasgando com meu sangue quando cheguei ali, me jogaram numa cadeira e me amarraram, mas logo uma mulher mais velha apareceu, me encarando.

Vânia: Vou ser rápida e direta, eu sei que você tem um filho, e nos, mães, fazemos de tudo pelos nossos filhos, né? - Falou me olhando com soberba.- Então vamos lá, eu só preciso que você me dê a localização exata da casa do Gaspar.

Vanessa: Quem é Gaspar? Cara, se manca, eu não vivo naquele morro, não sei merda nenhuma.- Falei com dificuldade.- Pergunta ao moleque que me trouxe, ele mora lá.

Vânia: Ele não sabe de nada, é só um pau mandado. Não vamos dificultar as coisas, Vanessa. Eu só quero uma localização e seu filho fica bem.- Eu encarei ela negando.- Alguma coisa você sabe, não é possível...

Encarei ela da cabeça aos pés segurando a boca pra não chamar ela de velha vagabunda e neguei com a cabeça respirando fundo, eu realmente nem sabia quem era o Gaspar, no máximo o Coronel, daqueles três que eu havia visto hoje de manhã. A única coisa que eu sabia era o endereço do Orelha, mas era óbvio pra mim, o meu filho tava naquela casa, e eu poderia morrer do que entregar a casa dele.

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