Dezenove

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𖧹

As crianças imploraram para que Ellen ficasse com eles até a hora de dormir, então ela substituiria o pai deles no momento da leitura e só depois de ter certeza absoluta que os dois estavam mesmo dormindo, poderia ir para onde quisesse. Ela não teve como recusar, até porque os pestinhas usaram da arma mais poderosa que possuíam: o beicinho.

Atendeu ao pedido e, naquele instante, observava os irmãos abraçados de modo desajeitado sobre a cama, respirando calmamente em um sono profundo.

Suspirou fundo e piscou diversas vezes, percebendo que já estava há muito tempo olhando eles dormirem. Fechou o livro em seu colo e se levantou devagar, o colocando de volta na pequena estante de livros presente no quarto de Fran, e voltou para perto da cama em seguida, cobrindo as crianças com o cobertor, inclinando-se para dar um beijo em cada um e não se segurando em dar um cheiro também, porque havia aprendido a amar o cheirinho da colônia infantil que ambos usavam.

Ellen se sentiu tentada a continuar ali, porém se esforçou e caminhou até a saída do quarto, fechando a porta com cuidado quando saiu para o corredor. Desceu as escadas e encontrou Magdalena no final delas.

— Dormiram? — A mais velha perguntou, já sem seu uniforme costumeiro de governanta, mas mantendo a pose.

— Sim. — Sorriu Ellen. — Como dois anjinhos.

— Ah, eles são. — Afirmou Magdalena, recebendo um levantar de sobrancelhas de Ellen, a fazendo rir. — Quando querem. — Completou e a babá riu baixo. — Eu já estou de saída, só aguardava você para avisar que o Emiliano está te esperando no escritório. — Apontou.

Ellen diminuiu o sorriso que tinha no rosto, lembrando que ainda teria aquela conversa.

— Obrigada, Magdalena. — Sussurrou.

— De nada. — A mulher falou e ajeitou o vestido florido em seu corpo, caminhando até a saída. — Buenas noches, hasta mañana. — Se despediu com um aceno e, sem nem esperar uma resposta de Ellen, saiu da residência.

Rivera riu baixo, olhando alguns segundos para a porta antes de começar o seu caminho até o escritório. Bateu na entrada e ouviu Emiliano autorizar, então colocou a cabeça para dentro, vendo ele mexendo no computador, logo colocando o resto do corpo dentro do cômodo e fechando a porta atrás de si, recostando nela.

— Está ocupado? — Perguntou baixo.

— Para você, nunca. — Respondeu, mas manteve a atenção na tela do computador, até clicar no botão de desligar e levantar o olhar para Ellen. — Oi. — Sorriu.

— Oi. — Murmurou ela, retribuindo com um sorriso pequeno.

— Vem aqui. — Chamou, afastando um pouco a cadeira e batendo as mãos nas próprias coxas.

Ellen aceitou o pedido e deu a volta na mesa, ajeitando o vestido — a única peça de roupa reserva em sua bolsa e que teve que usar após inventar de brincar de jardineira com as crianças e se sujar inteira de terra —, antes de sentar no colo do jogador e passar um dos braços pelo pescoço dele, que a apertou na cintura com os seus e juntou seus lábios em um beijo calmo e breve.

— Não vamos conversar? — Indagou ela, encarando os olhos dele, que estavam focados nos seios da mulher.

— Claro que vamos. — Sussurrou, voltando a atenção para o rosto dela e sorrindo de lado. — Como você está?

Ellen ━━ Emiliano RigoniOnde histórias criam vida. Descubra agora