Quarenta e Cinco

2K 167 82
                                    

𖧹

As crianças quase choraram para convencer Ellen a dormir ali mais uma noite, e ela quase cedeu, mas se despediu mesmo assim e garantiu que no dia seguinte estaria de volta bem cedinho para os arrumar para a escola e depois ir buscá-los para passarem mais um dia juntos. Os dois tiveram que concordar, mesmo preferindo que ela nem fosse embora, e então assistiram, grudados nas pernas de Magdalena e com beicinhos no rosto, o pai e a — agora — mamãe saírem pela porta principal.

O carro estava em completo silêncio desde que o casal havia entrado nele, e já se encontravam no meio do caminho para a casa da morena.

— Estava pensando em fazer alguma coisa com aquele prédio. — Comentou Ellen, porque mesmo que o silêncio estivesse confortável, preferia mil vezes mais conversar com Rigoni sobre qualquer assunto.

— O que tem em mente? — Indagou ele, a olhando rapidamente.

— Eu dei uma volta por lá e percebi que tem bastante apartamento vazio, mas eu não quero alugar ou vender nenhum deles. — Disse e o jogador olhou para ela novamente, curioso. — A primeira coisa que pensei em fazer foi um lugar para acolher adolescentes que foram expulsos de casa por algum motivo, como eu fui. — Contou, brincando com as próprias mãos afim de não se aprofundar muito no próprio passado e acabar ativando a tremedeira outra vez.

Desde que havia feito as pazes com Emiliano suas mãos estavam tranquilas como nunca, e Ellen não desejava que aquilo fosse por água abaixo em questão de segundos.

Ao perceber a namorada mexer ansiosa aquela parte do corpo, o jogador estendeu a mão e segurou na dela, entrelaçando seus dedos e levando a mão de Ellen até a boca, dando alguns beijinhos demorados nela, em uma tentativa de a acalmar. Recebeu um sorrisinho de agradecimento da mulher e voltou a atenção para a estrada.

— Me conta as ideias que você teve. — Pediu. — Vou adorar ouvir.

— Não pensei muita coisa, mas basicamente é isso: acolhimento. — Afirmou. — Os apartamentos livres seriam para os jovens que fossem acolhidos pelo projeto, daí eu podia pensar em alguma parceria para ajudar em buscas de empregos, términos dos estudos... — Citou. — Algo assim é necessário muito dinheiro e visibilidade, duas coisas que não tenho, então não sei ainda como vou começar, porém a ideia já está aqui. — Falou.

— Acho que às vezes você se esquece que namora um jogador de futebol. — Riu Emiliano, beijando a mão dela mais uma vez. — Dinheiro não será problema e visibilidade também não. — Garantiu. — Se você quer mesmo ir adiante com a ideia, vou te ajudar. — A olhou.

— Eu não quero que você faça tudo, Emi.

— Não vou fazer tudo, só vou dar uma mãozinha. — Disse. — Quero que você faça algo que goste, que queira, e essa ideia é maravilhosa, então não custa nada eu te ajudar como eu puder.

Ellen sorriu para ele, puxando a mão do jogador entrelaçada à sua e dando um beijo demorado.

— Obrigada, amor. — Sussurrou. — Mas não tenho nada certo ainda, tenho que pensar em diversas coisas; como vou dividir os apartamentos, o que vou fazer com as pessoas que já moram lá, como vou começar, entende?

— Entendo. — Confirmou ele. — Você pode contar comigo para qualquer coisa.

— Sei que posso. — Murmurou ela, sorrindo apaixonada. — Eu te amo tanto, Rigoni. Você tem ideia?

— Até que tenho. — Respondeu fingindo pensar e a mulher riu. — Eu também te amo, mi amor. Muito. E você não tem ideia. — Sussurrou e virou o rosto para Ellen, segurando no maxilar dela e a puxando para um rápido selinho antes de voltar a atenção para as ruas de São Paulo.

Ellen ━━ Emiliano RigoniOnde histórias criam vida. Descubra agora