Dezessete

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𖧹

Ellen passou uma das mãos no rosto e resmungou, abrindo a geladeira para pegar água gelada e logo se afastando, sentando à mesa e colocando a bebida em um copo de vidro para tomar calmamente antes de voltar para a cama. Torcia para que o copo de água tivesse algum efeito sonífero nela, porque já era tarde da noite e ainda não havia conseguido dormir como gostaria e como seu corpo pedia.

— Sem sono? — Ouviu baixo.

A voz rouca de Rigoni causou um arrepio em sua pele e então ela levantou a cabeça, encarando o jogador, que estava encostado na entrada da cozinha.

— Assim como várias outras noites. — Respondeu Ellen.

Enquanto ela voltava a atenção para o copo de água e dava um longo gole, Emiliano se aproximava devagar, arrastando a cadeira com cuidado e se sentando ao lado de Rivera. Recostado em uma pose despreocupada, encarou a morena e, mesmo com a pouca luz presente na cozinha da casa, prestou atenção em cada parte do rosto dela e das leves expressões que ela fazia no simples ato de beber água. Ellen afastou o copo da boca e chamou a atenção de Rigoni para aquela parte, o fazendo lembrar de horas atrás, quando ela pediu para que ele a beijasse.

— Onde estava na noite passada? — Perguntou ele, se esforçando para não parecer muito invasivo, mas sabendo que havia falhado.

Ellen sorriu levemente, batucando os dedos sobre a mesa e encarando as próprias mãos trêmulas.

— Você está bem interessado em saber o que faço quando não estou nessa casa, não é? — Comentou no mesmo tom de voz baixo que o homem ao seu lado usou. — Por quê?

— Curiosidade. — Deu de ombros, fingindo não se importar realmente com a resposta que receberia. Rivera olhou fixamente para ele, não fazendo questão alguma de desviar o olhar ou abrir a boca para dizer alguma coisa. Apenas encarou Rigoni, que soltou um suspiro fundo e resolveu explicar. — De manhã, quando eu estava te enchendo de beijos e bem afim de transar, você estava olhando para o teto com um sorriso no rosto e disse que teve uma noite agitada.

— E daí?

— Fiquei incomodado. — Confessou e olhou para as próprias mãos, fechando os olhos por alguns segundos, sem acreditar que diria aquilo: — Quase que com ciúmes. — Falou baixo.

Muito baixo. Tanto que Ellen quase não ouviu.

— Com o que? — Perguntou, só para ter certeza.

— Com... — Rigoni gemeu dolorosamente e olhou para ela, cruzando seus olhares mais uma vez — ciúmes. — Completou.

A testa de Ellen se franziu e quando Emiliano achou que aquele momento não poderia ficar ainda mais estranho, ela explodiu em uma gargalhada, levando as mãos até a boca para abafar o som e não acordar as crianças, que estavam dormindo na sala de estar.

O jogador revirou os olhos e pegou o copo de água dela, virando o líquido e devolvendo o objeto com uma batida sobre a mesa.

— Nossa, essa foi muito boa. — Suspirou Ellen, tentando se recuperar do riso. — Você estava com ciúmes?!

— Vamos mudar de assunto?

— O que foi? Estava com medo de eu fazer outra pessoa gozar? — Riu novamente e Emiliano bufou, revirando os olhos mais uma vez e cruzando os braços. — Você fez a minha noite com essa confissão, juro. — Limpou o canto dos olhos, respirando fundo e olhando atenta para o jogador, que parecia bem sem graça após revelar aquilo. — É sério? — Sussurrou.

Ellen ━━ Emiliano RigoniOnde histórias criam vida. Descubra agora