Ellen ━━ Emiliano Rigoni

Trinta e Cinco

𖧹

Ellen tocou três vezes seguidas a campainha da casa onde Fran morava e esperou, com a pequena ao seu lado, alguém as atenderem. Demorou um tempo até ambas ouvirem passos rápidos se aproximarem e um Rigoni, aparentemente sem paciência alguma, irritado por estarem na porta da casa dele aquela hora da noite quando ele estava com um filho queimando em febre, aparecer na frente delas, arregalando os olhos ao ver Rivera ali.

— Ellen. — Disse quase sem voz e Fran riu baixinho, não deixando de reparar na cara de bobo do pai ao ver a mulher. — E Fran. — Falou e fez uma pausa, encarando a filha e demorando alguns segundos para cair em si. — Fran?! — Perguntou alto.

— Oi, papá. — Sorriu inocentemente e ele intercalou o olhar entre as duas, tentando entender.

— Emi, a Fran fez uma bobagenzinha. — Contou Ellen, sentindo as bochechas esquentarem levemente ao notar que usou o apelido do jogador, mas continuando: — Você não viu, claro, mas ela pegou um Uber e foi parar lá no meu prédio.

— Você fez o que?! — Olhou para a filha, que se encolheu atrás da ex-babá.

— Pareceu uma boa ideia, papá. — Murmurou o mesmo que disse para Rivera. — Eu só queria ajudar, ouvi a Lena falando que o Gigio está dodói de saudades da Ellen, então fui atrás dela para ele melhorar. — Explicou. — Tudo bem se você me colocar de castigo. — Abaixou os ombros. — E eu já prometi que não vou fazer isso de novo, não é, Ellen?

— Sim. — Confirmou e fez carinho nos cabelos dela, voltando o olhar para o jogador. — Ela prometeu de dedinho.

Emiliano respirou fundo e inclinou a cabeça para trás, apertando os olhos. Depois, voltou a atenção para as duas.

— Conversamos depois, está bem? — Disse para a filha, que concordou com a cabeça e entrou correndo na casa, subindo rapidamente as escadas e os deixando sozinhos.

O silêncio pairou entre o casal e os dois se encararam por alguns segundos.

— O que o Gio tem? — Perguntou Ellen, em um claro tom de preocupação.

— Ele está com bastante febre. — Contou. — Lena e eu já demos remédio, banho frio, fizemos compressas de água fria também, mas nada adianta. Eu estava pensando em levá-lo a um médico, mas Lena disse que é emocional e o remédio, no caso, seria você. — Disse e Ellen mordeu o lábio inferior. — Ele está com saudades. — Sussurrou.

— Você poderia ter me ligado, eu viria. — Disse.

— Atenderia a minha ligação? — Perguntou, já sabendo a resposta, e Rivera desviou o olhar. — Entra. — Convidou, abrindo mais a porta.

— Na verdade, eu não... — Se interrompeu e piscou algumas vezes.

— Não quer ver ele?

— Quero! — Respondeu rapidamente e levou as mãos para trás do próprio corpo, as apertando com força. — É que... a sua esposa... — Limpou a garganta para afastar o bolo que se formou ao falar aquilo.

— Entra, Ellen. — Insistiu Rigoni.

A mulher respirou fundo e entrou na casa, esperando Emiliano fechar a porta outra vez e começar a subir as escadas, então ela o seguiu. Implorou para que não encontrasse Luciana e suas preces foram ouvidas, porque quando chegou ao quarto de Gio, apenas Magdalena e Fran estavam ali com ele.