Trinta e Sete

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𖧹

— Eu quero tanto!

Karine fez careta com o choro da melhor amiga e tentou a consolar com um carinho que fazia em seus cabelos e palavras positivas sussurradas, mesmo duvidando que Ellen estivesse prestando atenção no que ela falava, porque soluçava alto e repetia o tempo inteiro o quanto odiava Rigoni por estragar tudo e a fazer sentir tantas saudades.

— Por que você não disse que queria, Ellen? — Perguntou baixo, continuando com o cafuné.

— E fazer papel de otária? — Retrucou.

— Optou pelo papel de criança chorona e catarrenta, não é? — Fez careta mais uma vez, a ouvindo fungar. — Chega, vai. Já faz horas desde que Rigoni foi embora e que você está chorando. — Ajudou Ellen a se sentar e secou as lágrimas do rosto dela, enquanto o corpo da mulher pulava com os soluços. — Você quer um conselho? — Sussurrou e ela confirmou com a cabeça, fazendo um beicinho infantil.

Rindo, Karine a abraçou novamente, fazendo Ellen deitar a cabeça em seus peitos e voltando com o carinho.

— Se você ama tanto assim o Rigoni, deveria dar a si mesma e a ele a oportunidade de mais uma tentativa. — Falou. — Eu sei que ele te machucou, isso ainda não me desceu e eu juro que vou regaçar aquele carro, mas também sei que, apesar de tudo, aquele brilho nos olhos que ele tem quando te ver vem de um amor tão forte que eu não consigo nem imaginar a imensidão disso tudo. Pude ver bem hoje, quando ele chegou todo preocupado, procurando por você e querendo saber o que aconteceu. — O corpo de Ellen pulou novamente por causa de outro soluço. — E, vamos confessar, os seus também brilham mais do que o Sol só de pensar nele. — Sussurrou. — Conversem.

— Toda vez que conversamos parece que dói mais, Karine. — Choramingou.

— Tudo pra sarar, primeiro dói. — Disse e a amiga franziu o cenho, levantando a cabeça e a olhando. — O que? Essa frase deve ser um ditado em algum lugar. — Deu de ombros e Ellen riu.

— Esse é o seu conselho?

— O meu conselho é vocês tentarem mais uma vez. — Falou e acariciou o rosto vermelho de Ellen. — Primeiro, conversem. Uma conversa daquelas, de horas, para se entenderem e deixarem claro todas as dores, medos... tudo! E aí verão se vale a pena. Mas espera ele te procurar de novo, tá? Não quero que corra atrás dele.

— Eu já sei que não devo correr atrás de homem nenhum, Karine. — Disse divertida.

— Não custa lembrar. — Riu. — Para com esse choro todo, já estou com dor de cabeça de tanto te ouvir fungar e soluçar. — Fez careta e Ellen riu novamente.

— Já disse que te amo? — Perguntou. — Eu te amo. — Agarrou Karine, enchendo o rosto dela de beijos e ouvindo a amiga reclamar por estar ficando melada com as lágrimas que ainda estavam pelo rosto de Ellen.

— Sai, chorona! — Reclamou e foi ignorada. — Ellen!

. . .

Emiliano brincou com uma ponta do cobertor, encarando o teto do seu quarto e esperando pela chegada do sono, mas tendo consciência de que aquilo não aconteceria tão cedo, porque não conseguia parar de pensar em tudo o que estava acontecendo na sua vida nos últimos dias.

Ellen ━━ Emiliano RigoniOnde histórias criam vida. Descubra agora