Vinte e Seis

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𖧹

Depois de longos minutos virando de um lado para o outro sobre a cama, Ellen se levantou e saiu rápido do quarto, mantendo o cuidado para não fazer qualquer barulho capaz de acordar as crianças que dormiam como anjinhos, largados na mesma cama que ela estava antes. Desceu praticamente correndo as escadas e pegou um copo d'água, o tomando em grandes goles e em uma tentativa falha de parar de sentir aquela agonia sem fim.

Sentou em uma das cadeiras e apoiou os cotovelos na mesa da cozinha, escondendo o rosto com as mãos e balançando a perna direita sem parar.

Já passava das duas horas da madrugada e ela ainda não havia conseguido dormir. Achou que faria isso fácil após o bate-papo com Emiliano pelo telefone, que só chegou ao fim quando o jogador começou a bocejar demais durante a conversa e ela se despediu para que ele pudesse ir dormir.

Estava calma e relaxada após a ligação de vídeo, mas não foi o suficiente para conseguir pegar no sono também.

Apertou mais os olhos quando lembrou que se tivesse um cigarro ali ela provavelmente não estaria daquele jeito e soltou um palavrão ao entender o que estava acontecendo.

Se levantou novamente e subiu para o o quarto mais uma vez, pegando o celular. Voltou para a sala de estar e se sentou no sofá bem ao lado do abajur, o qual ligou para iluminar um pouco o ambiente. Digitou o nome de Rigoni em sua pasta de contatos e em poucos segundos já estava ligando para ele.

O jogador não atendeu na primeira chamada, então insistiu mais algumas vezes.

— Alô? — A voz rouca de sono adentrou o ouvido de Ellen e ela respirou fundo.

— Emi. — Disse baixinho e a voz saiu embargada. — Desculpa acordar você a essa hora, eu sei que está cansado, mas é que eu não estou conseguindo dormir e estou tão estranha... A única pessoa em quem pensei para me ajudar com isso foi você. Desculpa.

— Amor, você não precisa pedir desculpas. — Disse, parecendo um pouco mais acordado. — O que aconteceu? — Indagou preocupado.

— Eu quero você. — Começou a chorar como uma bebê. — Por favor, volta logo. Queria que você estivesse aqui agora, porque eu estou passando por aquela coisa mais uma vez e não faço ideia do que fazer. — Soluçou.

Emiliano sentiu seu peito apertar ao ouví-la chorando e se sentou em sua cama, acendendo a luz do abajur ao lado.

— Calma, meu amor. — Pediu. — Eu vou voltar bem cedinho, está bem? Nós podemos ficar conversando até você se acalmar. Que tal ligar de vídeo? Quero ver seu rostinho. — Disse carinhoso.

— Tá. — Mais um soluço rasgou a garganta de Ellen e ela desligou a ligação.

Antes mesmo que pudesse entrar no aplicativo para ligar, o nome de Rigoni apareceu na tela. Ela atendeu rapidamente e deu um meio sorriso ao vê-lo.

— Oi de novo. — Sussurrou.

— Oi, cariño. — Sorriu levemente. — O que você está sentindo?

— Não sei explicar. — Fungou e passou a mão no rosto para secar as lágrimas. — Eu não estou conseguindo dormir, o que não é novidade, mas hoje é uma agonia, uma coisa tão... Quero muito fumar. — Falou e jogou a cabeça para trás, encarando o teto. — Nada disso estaria acontecendo se eu não tivesse parado.

Ellen ━━ Emiliano RigoniOnde histórias criam vida. Descubra agora