Ellen ━━ Emiliano Rigoni

Trinta e Dois

𖧹

A cabeça de Emiliano parecia estar prestes a explodir, enquanto ele a apertava com as mãos, ainda ouvindo Luciana tagarelar por todos os cantos do quarto sobre como a decoração da casa estava ruim e das ideias que teve para mudar aquilo. Não prestava atenção em nada, preocupado com as crianças, que não quiseram jantar, e em como poderia se explicar para Ellen de modo que ela entendesse o lado dele.

— Você não acha, corazón? — Indagou a loira, o fazendo piscar algumas vezes.

— Não sei. — Murmurou.

— Ah, mi bien, você não estava prestando atenção? — Fez um beicinho infantil e se deitou na cama. — Está com uma carinha de preocupado. O que houve? — Perguntou.

— Não é nada. — Manteve o tom de voz baixo e esfregou as mãos no rosto. — Vou ver as crianças.

— Achei que iríamos aproveitar a noite juntos, Emi. — Se sentou, olhando para ele.

— Você é cega ou o que? — Indagou, retribuindo o olhar da mulher. — Não viu que as crianças não quiseram nem mesmo comer? Estão trancadas no quarto desde mais cedo e você acha mesmo que eu estou pensando em transar e não nos meus filhos?!

— Crianças são dramáticas. — Acenou com indiferença e voltou a soltar o corpo na cama, encarando o teto.

Rigoni continuou olhando para ela, se perguntando em que momento de sua vida ele viu que ela seria uma boa mãe.

Estava completamente cego, com certeza.

— Por que você voltou? — Perguntou.

— O que?

— Por que está aqui? — Insistiu.

— É a minha casa, Emiliano. — Disse. — Somos casados, temos dois filhos...

— E isso não valeu de nada no instante em que você decidiu ir embora. — A interrompeu e se levantou, suspirando fundo. — Não estou afim de ter essa discussão agora, porque tenho coisas mais importantes para fazer, mas quero deixar bem claro que a sua volta não foi algo bom como você está pensando. — Disse e virou as costas, saindo do quarto e fechando a porta, se encostando nela e bufando.

Encarou a entrada do quarto da filha mais velha, sabendo que Gio também estava lá, e teve que respirar algumas vezes antes de ir até lá e dar leves batidas.

— Mis amores? — Chamou baixo, abrindo a porta e colocando a cabeça para dentro.

Os dois estavam abraçados na cama de solteiro de Fran, que cabia ambos perfeitamente, e dormiam profundamente. Emiliano adentrou o cômodo com cuidado e caminhou até a cama, se agachando ao lado e os assistindo dormir.

— O papai ama muito vocês dois. — Sussurrou, iniciando um carinho nos cabelos bagunçados das crianças. — Desculpa se faço as coisas de maneira errada e afeta tanto vocês. Prometo que vou melhorar. — Disse e deixou um beijo demorado na bochecha de cada um, ficando ali por mais alguns minutos.

Se levantou após recordar que assistir os filhos dormirem não iria resolver toda aquela situação e saiu do quarto, descendo rapidamente as escadas da casa, caminhando até a garagem e pegando a chave do carro.