-Eu também não te dei motivo nenhum para achar! Declarei ao Carter
- Meu tio sempre visitava aquele orfanato todas as semanas e ele nunca havia te visto. Então em uma semana fatídica ele simplesmente chega completamente empolgado para jantar na minha casa e diz aos quatro ventos que havia encontrado a garotinha mais encantadora de sua vida e que ela com certeza tinha que ser filha dele.
-Ele disse mesmo tudo isso? Perguntei com um sorriso no rosto
-disse e eu não entendia exatamente o que em você podia ter feito para ele ficar tão em êxtase, pra mim você parecia apenas mais uma garota normal e sem graça.
-minha auto estima quase se abalou depois dessa resposta. Quer saber como foi pra mim a primeira vez que o conheci? Disse irônica.
-Por que não. Assim eu talvez consiga entender o que ele viu em você. Ele falou com o deboche implícito na voz
-Eu havia retornado ao orfanato pela decima quinta vez, todas as vezes fui tola de me apegar a pessoas que no primeiro desafio em criar uma criança, me devolveram ao orfanato, mas daquela vez eu fiz de tudo para ser devolvida mesmo.
Eu estava com 12 anos e Donna May e Francis Diggle me adotaram eu parecia quieta e encantadora em comparação com as outras crianças. Eu já não tinha a esperança de um lar e elas tinham, mas novamente fui levada para um período de teste e como a qualquer brinquedo novo estavam o dia todo se mostrando empolgados, mas logo que a noite chegou e a Donna foi dormir o marido dela entrou no meu quarto, achei estranho, mas adultos são estranhos. Ele me alisava como se fizesse carinho e dizia que se eu fosse uma garota boazinha nós seriamos uma família feliz, mas eu não me sentia confortável perto dele. O mês em que eu fiquei naquela casa as ofensivas dele foram se tornando cada vez mais estranhas e invasivas, eu trancava a porta, mas ele ainda sim entrava e eu sempre queria correr e manter distância dele, mas não adiantava, eu então comecei a xingar palavrões, ser grossa, ofender as pessoas perto de Donna até que ela decidiu me devolver e insistiu com o marido que embora ele estivesse gostando de mim não daria certo se ambos não gostassem da criança e que eu era uma péssima garotinha, por isso tantas devoluções...Eu gostava da Donna, mas quando vieram conversar comigo sobre uma ultima chance de continuar com eles e ter o amor de uma família eu apenas mostrei o dedo e fui fazer as malas, não conseguiria ter paz naquele inferno.
-Esse imbecil teve acesso a outra garotinha? Carter falou com os dentes apertado como se a qualquer momento ele fosse quebrar algo.
-Não sei, eu contei tudo a Augustine logo que eles partiram, ela fez essa mesma cara que você. Acho que ela deve ter lançado um alerta para bloquear a adoção e por causa desse trauma já havia desistido totalmente de ser adotada.
Era dia de visita e eu não estava afim de ir parar de novo em um lugar que eu sonharia chamar de lar e que não daria certo, quando você é uma adolescente a chances de homens como Diggle te adotarem é maior, eu fui para o canto menos visível do salão sentei com o meu caderno de desenho via todos os pais em potencial entrarem e conversarem com as crianças enquanto eu desenhava, mas não sei como o Anton me viu. Ele me contou depois que foi Augustine que me mostrou a ele. Discretamente ele se aproximou elogiou o desenho que eu fazia e me perguntou por que eu estava sozinha e eu lhe respondi que não queria outro ursinho.
-ursinho? Carter perguntou um pouco mais calmo
- você falou o mesmo que ele... eu lhe respondi - Vocês adultos vem aqui olham para gente como se fôssemos filhotinhos fofos de cachorro, nos levam para casa, mas quando fica difícil ou arrumam um filho com suas próprias esposas devolvem a gente e o governo acha que um ursinho sem graça vai ajudar seu coração partido a lidar com isso. Ele então disse que gostou da minha sinceridade e falou - vamos fazer assim! Eu sempre quis uma filha e não tive essa sorte, tenho apenas o meu sobrinho, mas se prometer não fugir e vir falar comigo sobre tudo que estiver sentindo desse mesmo jeito sincero que está usando agora, prometo que nunca mais vai ganhar um ursinho da desilusão.
- Acho que meu tio realmente viu algo em você no fim das contas!
-Só não sei o que! Declarei ao Carter que de costas enquanto seguia para escada a baixo falou
-Coragem! Algo naquela simples palavra me fez sorrir
Eu havia voltado para faculdade no dia seguinte a leitura do testamento e da conversa com o Carter, talvez nossa relação melhorasse um pouco eu tinha esperança pelo menos.
A morte do meu pai ainda era uma dor latente, mas as inúmeras aulas da universidade que eu perdi me desfocaram dessa dor. Eu estava completamente mergulhada em textos administrativos e mercadológicos, contas enormes e trabalhos. Todos os professores me permitiram entregar trabalhos separadamente devido a minha perda e claro meu pai era um bom amigo do reitor que deve ter movido seus pauzinhos também.
A correria foi tamanha que uma semana voou
- Bom Dia, querida!
- Bom dia, Tia Martha não está cedo? Falei com muito sono
- está, mas é o dia do seu casamento e mesmo que seja apenas por causa do testamento ainda é um casamento e deveria ter no mínimo um dia de princesa e um vestido lindo.
-Não é necessário! Disse querendo voltar a dormir ainda eram 08:00 e eu havia dormido ás 04:00 da manhã fazendo uma analise de dados com um gráfico detalhadíssimo.
- vamos logo querida vai me agradecer depois, e os montadores tem de instalar a cama do meu filho, já que agora dormiram aqui!
- Não vai ser aqui não, vai ser no quarto ao lado! Falei ficando de pé rapidamente.
- mais esse já é o seu quarto não seria mais fácil só instalar uma outra cama?
-Eu preciso de um lugar seguro que seja meu, que preserve a minha identidade e memorias e esse quarto é isso para mim então por favor no quarto ao lado. Falei educadamente
- Esta bem vou falar com eles enquanto você se apronta.
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Olá amores e amoras!
Sou só eu ou vocês também querem o fígado daquele assediador de crianças do Francis Diggle?
Nem tudo é rosa no mundo de Evangeline, mas chegou o grande dia e o que será que vem da convivência entre esses dois.
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Um Amor Por Testamento
RomanceO que se pode esperar da vida quando você se torna orfã antes mesmo de nascer? Confusão, tristeza e muita loucura não é? Eu garanto que não esperava nada até Anton Messer entrar na minha vida. Bilionário e sozinho viu em mim uma filha, mas a morte...