Se eu não tivesse ficado tão entretida lendo meu livro, não teria me atrasado para ir a escola, meu pai me pagou um carro carona, o que me salvou para ser ao menos a última a chegar, conforme eu atravessava o pátio, vi uma silhueta magricela ao meu lado, seguindo com pressa, tendo a ousadia até mesmo de esbarrar em meu ombro para passar na minha frente, assim que vi suas costas, percebi quem era, respirei fundo tentando não me irritar logo no início do dia. Entrei na sala de aula recebendo olhares dos outros alunos, assim como do professor, que veio na nossa direção, girando o giz entre dedos, já tinha começado a passar uma tarefa na lousa verde.
- Você não me surpreende, agora você, Olívia? - O professor de matemática, Phernandes, olhou de Jason para mim, com aquela expressão de sempre, cansaço. - Vocês dois estão de gracinha comigo? Perderam a aula de ontem e chegaram os dois atrasados hoje? - Franzi o cenho enquanto olhava para o garoto ao meu lado, que percebendo apenas deu de ombros e soltou o ar pela boca.
- Sabe como que é, eu estive preocupado com sua aluna preferida ter demorado para voltar do intervalo, fui atrás dela, mas não a encontrei. - Phernandes tinha uma regra, passar de dez minutos atrasado, não entra mais na sala de aula, o que deve ter passado na cabeça de Jason que decidiu ir embora. O que me deixou surpresa foi ouvir ele me citar como uma desculpa pela preguiça de ir para a aula.
- Se Olívia pular da ponte, você vai pular também? - O professor provavelmente estava me defendendo, afinal eu nunca tinha falhado com ele antes. Olhei de soslaio para Jason, que se virou para mim e me examinou de cima a baixo, analisando minhas vestimentas. Um vestido de alça fina colado por cima de uma blusa de manga longa, que seguia até meus pulsos, uma meia calça escura com uma bota de cano alto. Uma roupa na qual ele com certeza achava brega, então demorando o olhar no meu corpo, um sorriso surgiu no rosto dele.
- Não, eu não pularia. Na verdade eu seria a pessoa que iria empurrar ela da ponte. - Arregalei os olhos, indignada com a resposta de Jason, eu havia ficado sem palavras, mesmo que não precisasse falar nada. O vi passar entre eu e o professor e se sentar em uma cadeira vazia no fundo da sala, na qual tinha apenas mais uma vazia, eu teria de me sentar ao lado dele. Soltei o ar pela boca, irritada com a provocação do garoto, passei por Phernandes e segui até aquela cadeira, onde me sentei com um gosto amargo na língua.
- Tudo bem. Vocês vão ter de fazer dupla, já quê estão sobrando aqui. - Levantei o olhar para o professor, que cruzou os braços e deu alguns passos para o lado, mostrando na lousa, uma atividade para fazer com ajuda de um parceiro. - Vocês terão de enfrentar essa birra entre os dois, ou infelizmente terão um zero bem vermelho no boletim. - Soltei o ar pela boca e relaxei meu corpo na cadeira, eu iria fazer a minha parte, então não iria tirar nota baixa, mas ao olhar para Jason ao meu lado, percebi que seria mais difícil do que eu imaginava. Percebi de relance ele empurrando sua mesa para juntar com a minha, sentando perto demais, era uma aproximação que nunca tivemos em todos esses anos de escola juntos. Enquanto ele arrumava a mesa ao meu lado, o professor vinha em nossa direção com duas folhas, para cada um responder uma situação e completar a outra. Ele sempre fazia atividades em dupla ou em grupo, para todos dividirem suas ideias e mostrar para os parceiros como cada um entendia a matéria. Segurei a folha em mãos, lendo a situação que teria de resolver, eu não era ruim em matemática, mas também não era boa, eu só não gostava, mas entendia. Então antes mesmo de ouvir ele começar a ler como se fosse gibi, assinalei algumas alternativas que estavam corretas enquanto deixava a justificativa logo abaixo.
- Ei. Você não está prestando atenção em mim. - Me virei para Jason que soltou a folha na mesa e me encarou como se eu fosse um pedaço de carne podre.
- Eu nunca prestei atenção em você, não é agora que eu vou. - Vi o brilho sumir nos olhos do garoto, dando lugar ao fogo, então ele puxou o papel que antes estava entre seus dedos e começou a responder sozinho, como eu também havia feito, dei de ombros, não dando a mínima para ele. Abri minha mochila e puxei meu livro que fora meu motivo de atraso hoje, segui na mesma continuação de antes. Aquele livro não era um documentário, onde havia fatos baseados na realidade, mas era uma ficção que poderia me distrair por um tempo, talvez eu gostava de ver teorias, por isso meu tio havia me contado sobre os segredos da mídia na ciência.
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Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)
Ciencia FicciónO Colecionador de Corações que Transforma a Mocinha em Vilã. Olivia nunca acreditou no sobrenatural, mas era obcecada por seriados e casos que não haviam nenhuma explicação decente. Estava rolando uma notícia de um grupo de homens recrutando pessoa...