5 - O Confronto

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Enquanto sentia o vento balançar meu cabelo, o gosto do sorvete se impregnava em minha língua, meu sabor preferido era de frutas vermelhas com nutella, era especificamente uma mistura incrível. Luke estava sentado ao meu lado, mas não quis se balançar no banco, ele apenas olhava para a praça que começava a esvaziar conforme a noite caía, mas estava tão quente, eu precisava do sorvete, ele havia se oferecido para pagar um pra mim, mesmo tendo intolerância a lactose e precisar apenas me ver tomando, ele claro, ficava com vontade, mas preferia isso do que passar a noite sentado no vaso sanitário. Eu ainda acreditava que ele pagou o sorvete como um pedido de desculpas, afinal ele realmente não tinha acreditado em mim quando eu falei o que eu tinha visto naquela noite. Olhando para ele de soslaio, vendo os fios loiros balançando com o vento, eu percebia que eu não podia deixá-lo naquela angústia, era meu melhor amigo, irmão de outra mãe.

- O que tanto olha? - Ele me pegou no flagra o encarando, o que me fez virar o rosto com uma risadinha presa na garganta, mas parei de rir conforme perdi a emoção.

- Eu só estou pensativa, um pouco. - Luke se esticou em minha direção e tomou a minha mão para si, chamando minha atenção e me tranquilizando, mesmo sem saber que era essa a sensação que ele me causava.

- Me desculpa, eu não fui um bom amigo, deveria ter acreditado em você. - Levantei o olhar para Luke que piscou devagar, estava disposto a ter aquele meu sorriso de volta, nem que para isso tivesse que ouvir minhas teorias sobre algo que ele achava uma loucura. Balancei a cabeça negativamente, como que dizendo que ele não precisava se preocupar com nada.

- Quando falei que eu estava pensativa, era sobre outra coisa. - Sorri sem mostrar os dentes, Luke mordeu os lábios e esperou que eu continuasse, atento com minhas palavras, iria prestar atenção em cada detalhe. - Eu tinha medo de o que eu vi, não ser real, apenas um transtorno psicológico, algo que meu cérebro criou em minha defesa, então com o passar dos anos, com as aulas de geografia e todos os vídeos de casos criminais quê eu via no YouTube, consegui começar minha pesquisa. - Luke se esticou para frente, apoiando seus cotovelos sobre os joelhos, para poder segurar seu queixo enquanto me olhava. - Percebi que havia outros assassinatos exatamente igual aos de minha mãe, mas a pessoa nunca era encontrada, ele sempre conseguia fugir.

- Você sabe onde ele está atualmente? - Neguei com um movimento de cabeça, o que o fez relaxar o corpo numa decepção evidente. - Espera, como que você vai dizer para Jason que não precisa da ajuda dele? Esse homem pode estar em qualquer lugar e logicamente vocês tem uma vida, não podem largar a escola para ir atrás de um homem que pode nem estar vivo mais.

- Ele está vivo, a última vez que um corpo foi achado, foi no final do ano passado. - Fazia nove meses que ele não dava as caras, o que me deixava preocupada, o que ele estava aprontando todo esse tempo? - Até eu saber a localização dele, irei enrolando Jason até ele desistir.

- Desistir? Ele estuda com você desde quando vocês dois estavam no quinto ano, mesmo assim, nunca desistiu de te humilhar e lhe fazer mal. Não consigo entender como uma pessoa pode ser tão idiota ao ponto de saber do trauma de alguém e ainda assim agir como se não soubesse. - Balancei a cabeça positivamente enquanto prestava atenção nas palavras dele, eu estava segurando o pote do sorvete já vazio, apoiando as mãos em meu colo, a noite já estava se aproximando, o céu tinha uma mistura de um rosa e um roxo no horizonte. - Vou te levar na sua casa. - Luke se levantou e estendeu o braço para que eu pudesse me segurar, sorri ladino enquanto me arrastava até ele, minha mochila nas costas era a única coisa que poderia me proteger na rua, então Luke obviamente decidiu se oferecer pela minha proteção. Sair depois da escola era divertido e fácil, mas nunca uma boa opção, justamente por ficar escuro rápido demais. Seguimos lado a lado enquanto conversávamos sobre tudo e mais um pouco, até chegar em minha casa e Luke se despedir de mim com um beijo em minha testa, sorri em sua direção enquanto o vi seguir direto para sua casa, no final da rua havia uma escadinha em um beco que poderia ser um atalho para a avenida onde ele morava, não era tão longe de mim, ainda assim um tanto perigoso para se andar sozinho, então o vi apertar o passo para não subir os degraus mofados, quando justamente o céu estivesse totalmente escuro.

Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora