56 - A Desistência

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Eu estava cega, mas não de tristeza ou raiva, mas de vingança. Eu queria ir até Neity e enfiar meus dedos em sua garganta, usando o poder de minha força, eu queria matar ele de tantas formas, que por um momento as lágrimas pararam de descer pelo meu rosto. Me levantei abrindo meus braços com força, fazendo com que Sam acabasse perdendo seu controle e não conseguindo mais me abraçar como em uma prisão.

Me levantei com o olhar estreito, olhando para Neity através das sobrancelhas, o ódio tão profundo e intenso que minhas mãos tremiam. Eu vi os corpos de Lucke e Jason balançar antes de caírem no gramado, o coração faltando em seus corpos. Estavam tão próximos do rio que a Água estava puxando suas pernas para a correnteza. Ergui as mãos em uníssono e usei o poder que roubei de Ruby, levitando os dois em minha direção enquanto eu andava em direção ao monstro que transformou minha vida em um inferno. Neity me olhava com um sorriso no rosto, quase impressionado com minha força mental, eu já tinha saído do escudo de Tyler, que não conseguia ainda erguer em uma distância tão grande.

— Eu vou te matar.

Afirmei enquanto pousava os corpos de meus amigos, agora mortos, perto o suficiente de Tyler e Sam, para ficarem dentro do escudo. Me virei novamente para Neity que gargalhou antes de chutar uma das armas dos meninos, da ponte para o rio. Foquei meu olhar sobre o dele, sentindo meu peito apertado e a garganta ardendo, eu queria chorar, queria morrer, mas queria matar.

Neity sorriu uma última vez antes de descer da ponte e caminhar até o campo, não tão perto de mim, meus olhos desceram para suas mãos, o que me fez ter a visão embaçada, entre seus dedos, cada mão, tinha o coração deles, de meus amigos, de quem esteve comigo a minha vida toda. Meu rosto se moldou em uma dor avassaladora, acabei caindo de joelhos novamente, perdendo as forças de meu corpo, não olhei para ele uma última vez, mas eu sabia que ele estava indo embora com seu filho desgraçado.

Eu não queria me virar, não queria ver o corpo deles, não queria ter a confirmação de suas mortes, eu não podia acreditar e não conseguia, a ficha não caia de forma alguma, fora tão rápido que meus olhos quase não conseguiram ver a tempo. Não sei quanto tempo fiquei ali, chorando em silêncio, não sei quando começou a chover, não sei quando Sam me puxou pelos braços e nem mesmo reparei quando Tyler tinha ido até a casa da esposa de Brian e a convencido, nem mesmo tinha percebido como eles colocaram o corpo de meus amigos no carro dela e levado embora.

Eu estava tão atordoada que não conseguia prestar atenção em nada ao meu redor. De repente algo que não acontecia comigo desde quando eu ainda nem era uma cobaia, voltou como um impacto em meu corpo. Uma crise asmática começou a roubar minha vida. Sam me balançava em seu corpo enquanto eu tombava para trás, quase sentando em meu calcanhar, enquanto ele se ajoelhava para ter mais controle ao me segurar.

— O que você está sentindo, Olívia?

Sam estava desesperado, nunca tinha me visto tão desolada assim, então eu não o culpei quando minha visão ficou escura e meus lábios começaram a azular, eu tinha deixado minha bombinha de ar na casa de meu pai, nunca mais tinha precisado usar, talvez pela superação de um trauma, mas aquele acontecimento me fez reviver uma situação que eu pedia aos céus para não deixar que acontecesse, mas aconteceu.

— Olívia fala alguma coisa.
— Ela tem asma, Sam.

Quando Tyler tinha voltado? Ou melhor, ele tinha ido junto com a esposa de Brian? Não consegui olhar para cima, não quando aquela chuva fina e irritante caia sobre meu rosto, mas eu podia sentir a presença de Tyler acima de minha cabeça. Ouvindo o cometário dele, Sam ergueu sua mão até minha nuca e levantou minha cabeça, vi seu rosto de perto, mas fechei os olhos quando a respiração simplesmente sumiu de meu pulmão. Eu tinha morrido pela falta de ar?

Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora