Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)

30 - A Segunda Cobaia

— Do que você está falando? — Perguntei-lhe franzindo o cenho, até mesmo a vergonha que senti perante ao acontecimento anterior tinha desaparecido, olhei nos olhos de Sam curiosa, quase chamando sua atenção novamente para mim enquanto segurava o rosto dele, mas antes de se quer tocar sua pele, o garoto tomou meus pulsos para baixo, passou um braço em volta de minha cintura e me puxou de cima da esteira, ao me colocar no chão, rapidamente ele me empurrou para trás de uma grande máquina, me escondendo entre uma viga e outra, então ele se apertou na minha frente, praticamente virando meu escudo e não deixando quê nada nem ninguém me veja. — O quê você ouviu? — Perguntei num sussurro tão baixo que Sam olhou em meus lábios para entender o que eu dizia, erguendo o dedo até sua própria boca, ele fez um gesto para que eu fizesse mais silêncio ainda.

— Tem alguém aqui... Chorando. — Abri os lábios num tipo de confusão no qual não tive tempo nem mesmo de pedir uma explicação melhor, fui interrompida por um choramingo baixo soando abaixo de nós, praticamente abaixei a cabeça olhando para meus pés, como se eu pudesse ver aquela pessoa através do piso, era algum adulto, eu sabia por simplesmente identificar a tonalidade e a ondulação pelo qual o som saia dos lábios, talvez era até mesmo uma pessoa mais velha do que eu imaginava.  Olhei nos olhos de Sam, sentindo um arrepio na nuca, o choro era como se fosse uma pessoa sentindo dor, por um momento senti uma vontade avassaladora de descer para ajudar, meu corpo teve um tique, um pulo para frente pelo automático da simpatia, o desejo de poder ajudar aquela mulher, mas Sam me prendeu novamente contra a máquina e me olhou com os olhos arregalados, pude ver pela iluminação da lua que batia contra o corpo de Sam, a nuca dele estava arrepiada, ele estava com uma intuição ruim bem forte sobre aquela pessoa. — Não seja tão bondosa, Olívia. — Os dedos de Sam prendeu meus pulsos enquanto ele me olhava fixamente no olhar, para que entrasse em minha cabeça quê não tinha como agir dessa maneira a todo momento.

— Mas...

— Eu consigo sentir vocês. — Prendi a respiração num pulo que fez Sam erguer sua mão de impulso contra minha boca e me apertar contra aquela viga de ferro, como se eu fosse em algum momento gemer de medo e ela fosse descobrir minha localização. — O medo está exalando de vocês. — Ouvi os passos daquela mulher subindo a escada rolante com o automático destravado, mudei a direção de meu rosto para a esquerda, o foco total em onde ela poderia surgir se realmente estivesse nos seguindo em base aos nossos sentimentos, ela estava usando frases nas quais tinha costume de aparecer em filmes de suspense e terror, mas o que me deixava realmente curiosa era, e se ela realmente estiver sentindo esse medo? — Não precisam sentir isso, eu só preciso de ajuda, estou doente... — Voltei meu olhar para Sam, que soltou o aperto em minha boca levemente, mas não deixou que eu saísse do esconderijo, ainda estava desconfiado com aquela presença repentina da mulher. — Eu moro aqui, praticamente... — Uma risada seguida de uma respiração chorosa de desespero saiu dos lábios dela, cada vez mais perto, parecia estar do outro lado do cômodo, pisando nas mini pedrinhas de poeira. — Faz tempo que vejo alguém e que tenho esperado por ajuda, vocês podem me ajudar? Por favor... — Empurrei Sam com força para trás, não usei o poder adicional de Gerald, mas foi tão impulsiva que ele foi pego de surpresa pela minha atitude, vi o olhar arregalado dele em minha direção, estava indignado em como eu poderia ter simplesmente desistido da nossa segurança, mas não me arrependi, principalmente quando sai de trás da viga e olhei na direção da mulher, não era uma moça adulta de trinta e poucos anos, era uma senhora, as costas corcundas, o cabelo levemente grisalho preso em um rabo de cavalo frouxo na nuca, ao ouvir meus passos, ela olhou em minha direção. Arqueei as sobrancelhas ao ver o rosto dela, havia manchas abaixo de seus olhos, como se tivesse passado um rímel e ficou a noite toda chorando, mas ela não tinha cara de quem passava maquiagem, provavelmente estava tendo uma noite mal dormida a dias, sofrendo como ela mesma havia dito, doente.