Eu deveria ouvir meu tinido, prestar atenção na intensidade dele, entender que era perigoso, mas eu não ia mais me curvar de medo, fugir e me esconder. Então quando Ruby apenas disse que eu tinha a capacidade de conseguir arrancar a fraqueza de Neity, eu sabia quê não precisava ter medo. Ela me disse que possivelmente ele iria contar por vontade própria, apenas por olhar em meu rosto, bem perto. Eu ainda não conseguia entender o quê ela queria dizer, eu deveria usar a manipulação mental, seria mais fácil, mas ela mesma havia dito quê ele estava vulnerável, qualquer tipo de poder não iria funcionar com ele, estava sob efeito dormente, imune. Ele não poderia usar o próprio poder e nem seria alvo de outros.
Quando eu dei os passos para trás e fiz o quê ela me dizia, comandando exatamente o quê fazer, eu percebi que poderia fazer isso novamente. Girar o trinco da fechadura e deixar a cela dela aberta, para quê acidentalmente ela fugisse, seguisse para meu quarto e tomasse um banho, se ajeitasse como merecia, depois de tantos dias sofrendo na escuridão.
Eu lembrava qual era a sensação, não seria difícil, levantei minha mão e prestei atenção apenas no meu poder ondulando pelos meus ossos e seguindo até as pontas de meus dedos, como se fosse algo líquido correndo e parando exatamente onde eu precisava. Mesmo que aquele portão fosse pesado e sombrio, até mesmo aquele frio que gentilmente alisava as minhas pernas, era um lugar assombroso e eu prometi a mim mesma que nunca mais iria vir até ali novamente. Meu tinido gritava na cabeça, doía escutar aquele agudo cortando meu cérebro, mas conforme eu prestava atenção no meu poder chegando até a parte do corpo em que eu queria, aquele barulho na cabeça começava a ficar dormente, até só restar o silêncio, tudo que eu queria. Senti a fechadura, aquelas peças de metal pesado, eu tinha o controle delas, virei meus dedos devagar para a direita, sentido horário, ardia minha cabeça pelo peso em que as peças tinham, era um portão que protegia quem estava do lado de fora, ou quem estava do lado de dentro. Escutei um dos trincos soar ao liberar a próxima engrenagem, franzi o cenho enquanto meus dedos giravam mais um pouco, dessa vez mais rápido e mais forte, pude ver quê naquela fechadura, um buraco pequeno ganhou iluminação, eu tinha destrancado aquele portão pesado, mas ainda não estava com a passagem liberada, então fiz um movimento com o braço, como se eu estivesse socando o rosto de alguém ao meu lado, com o cotovelo, puxando com a mão, o punho fechado. Foi então que eu vi, o portão se abrir levemente e deixar um espaço no qual mostrava a iluminação dentro daquele cômodo.
Engoli em seco, eu tinha acabado de abrir o portão, este quê era a única coisa que deixava o instituto protegido da cobaia maia perigosa dos tempos. Com passos extremamente receosos, continuei a seguir em direção aquele portão, mas meu corpo travou ao escutar um urro, um grito de dor, seguido de um barulho grave, como um elástico sendo acertado na pele, pisquei. Mais um daquele barulho fez meu corpo tremer de angústia, aquele grito era terrível, uma dor alucinante soando através daquela voz, mas não era como um choque de surpresa, já era uma dor chorosa, ao ponto daquele grito soar quase rouco. Levei meus dedos até o portão e o empurrei devagar, até minha cabeça conseguir passar pelo espaço, dei uma boa olhada naquele cômodo, era bem iluminado, bem limpo e organizado, mas apenas por não haver tantos móveis, apenas um vaso sanitário que estava coberto por uma lona presa por um ferro logo acima, que me lembrava uma cabine de provar roupa das lojas, logo do outro lado tinha uma cama de solteiro, com apenas um lençol para se cobrir ao dormir, tinha um tubo de ventilação que balançava umas linhas azuis, que me fez até mesmo pensar, alguém já tentou passar por ali? Foi então que eu vi, uma corrente segurando os dois braços de Neity, ele estava ajoelhado no chão, quase sentando sobre seus calcanhares, estava sem camisa, mostrando sua pele bronzeada e malhada, seu cabelo estava caindo sobre seus olhos, pingando de suor, seu rosto avermelhado pela força que ele colocava ao sentir a dor. Atrás dele tinha, a porra, de um homem vestido todo de preto, usando um boné que deixava seu rosto quase difícil de se ver, mas ele mordia seu lábio inferior a cada vez em que ele usava sua força, em sua mão direita, ele segurava um tipo de cinto de couro, este quê a cada vez em que ele batia contra as costas de Neity, um líquido esverdeado era liberado, a pele dele estava sangrando, rasgando de dentro para fora, estava explodindo pelo inchaço, geraria uma cicatriz quê depois iria dificultar até mesmo para esticar seu corpo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)
Fiksi IlmiahO Colecionador de Corações que Transforma a Mocinha em Vilã. Olivia nunca acreditou no sobrenatural, mas era obcecada por seriados e casos que não haviam nenhuma explicação decente. Estava rolando uma notícia de um grupo de homens recrutando pessoa...