8 - A Pista

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Mesmo no lugar que eu mais gostava, mais me sentia em paz, a biblioteca, ainda me sentia dopada pelas ideias ruins, eu pesquisava loucamente sobre transtornos nos quais a alucinação faz parte do dia a dia, um trauma poderia gerar distúrbios? Passei meus dedos pelo teclado, desesperadamente enquanto meu olhar procurava alguma informação que iria me ajudar nas minhas dúvidas. E se no final das contas, Brian nunca injetou nada em mim, eu sempre estive louca, desde meus dez anos, minha mãe morreu por uma das duas teorias que me falaram, e minha cabeça decidiu criar aquilo? Como eu iria acreditar em mim mesma, se tudo parecia falso?

Apoiei minha cabeça nas mãos e fechei os olhos, eu queria chorar, gritar e espernear por aquela sensação ruim de que eu sempre fui a errada da situação, mas não conseguia, seria uma forma de vitimização na qual eu não tinha nem coragem de praticar. Senti uma silhueta se aproximar e se sentar ao meu lado, jogando a mochila na mesa e me encarando enquanto eu tentava não gritar de raiva.

- Jason, o que você quer? - Perguntei num tom de voz cansado, mas era o sorriso dele que me fazia criar mais forças, nas quais desciam para minhas mãos, a qualquer momento que ele me irritasse, eu iria empurrar ele e sair da biblioteca.

- Você anda muito desatenta ultimamente. - Continuei o olhar sem demonstrar nenhuma expressão no meu rosto, eu não iria me importar com as opiniões dele, que costumavam sempre serem críticas. - Nem mesmo percebeu que eu te roubei ontem.

- Foi meu celular? Ou meus documentos? Se não, por favor, me deixe em paz. - Virei de lado, ficando novamente de frente para o computador, no entanto, ouvi Jason abrir sua mochila e jogar algo no meu teclado, que me fez pular pelo susto, mas era meu livro, o mapa mundi no qual eu fazia as anotações da noite em que perdi minha mãe. - O que... Você pegou meu livro? Por que você fez isso? - Depositei um tapa no braço de Jason, sentindo meu sangue esquentar, ele pode ter visto todo meu drama em uma folha específica. Abri o livro e o folheei a procura de alguma página rasgada, mas estava tudo normal.

- Eu não sabia que você era obcecada em crimes. - Revirei meus olhos com força, ele realmente havia visto aquela página, mas o que eu poderia dizer além de que eu não devia nenhuma explicação para ele? - Você anda tão desatenta que nem mesmo continuou sua pesquisa. - Levantei o olhar para o computador, onde um site estava aberto justamente no título grande. "Como saber se eu enlouqueci?" Droga. Puxei o cabo do computador, desligando o sistema antes que ele pensasse qualquer coisa, no entanto, Jason sempre captava as coisas muito rápido, para minha desgraça. - Não era essa pesquisa quê eu estava falando, por mais que também seja interessante. - Eu sabia que ele estava falando da minha pesquisa pelo assassino da minha mãe, mas fiz questão de não dar tanta trela para ele, afinal Jason só queria informações para usar contra mim, me humilhar, olhei para meu livro, passando o dedo sobre a marcação vermelha, já fazia quase um mês que eu não procurava saber, além de ser difícil, era um gatilho para me deixar ainda mais maluca, eu não queria que isso acontecesse, por mais que já esteja.

- Eu desisti, eu estava enlouquecendo, não tinha como ficar em paz se a todo momento eu pesquisava sobre ele. - Abaixei a cabeça e comecei a cutucar minhas unhas, me sentindo envergonhada pela minha fraqueza. Jason assentiu em um movimento de cabeça, desviei o olhar novamente para o livro, enquanto eu via a silhueta do loiro ao meu lado, se mexendo.

- Você ficou seis anos pesquisando, para desistir na hora certa? - Franzi o cenho com a escolha de palavras dele, o olhei nos olhos tentando entender o tom de sua voz, mas vi de relance ele jogar algumas folhas em cima de meu livro, revirei meus olhos com força enquanto suspirava fundo.

- Não! Eu não vou fazer essas lições por você, deveria ter um pouco mais de responsabilidade, Jason. - Fixei meu olhar sobre as folhas, mas travei meu corpo completamente com a imagem que havia sobre elas. Era um corpo, morto e totalmente molhado pelo sangue. Isso era o de menos, o pior era ver o buraco no peito. Havia algumas informações sobre a vítima e a localização dela, as fotos haviam sido tiradas por um estagiário da medicina, eles iriam trabalhar naquele caso. - Pelo santo. - Segurei as três folhas em mãos, enquanto lia aquelas informações, tratei de já pegar uma caneta vermelha e ir riscando a localização na qual aquela vítima morava, um pesar consumiu meu peito, havia uma grávida entre os três corpos, fora a imagem mais repugnante, tracei mais uma linha vermelha enquanto tentava não lacrimejar. Na última vítima, quando fiz o traço vermelho, senti um arrepio na minha coluna, que me fez olhar de impulso para Jason, que prestava atenção no que exatamente eu fazia. - Jason. Ele está vindo para nosso estado novamente. - Falei surpresa, meus olhos ardiam pela informação, eu não conseguia acreditar que ele estava perto o suficiente para eu ir até ele, mesmo que ainda não havia atravessado a fronteira de meu estado e o vizinho. Jason me olhou dos pés a cabeça e franziu o cenho, não me olhava como se eu fosse uma louca, por mais que ele sempre fazia isso.

Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora