Sentada numa maca do ambulatório, eu olhava para meu pulso enfaixado, eu teria de fazer um repouso, isso com certeza iria me atrasar para qualquer coisa, não só com a guerra que estava por perto, mas também com minha própria sobrevivência. Eu nem mesmo havia custado pensar sobre o poder de Ruby, eu estava enchendo meu corpo, como se fosse um pote no qual eu pudesse preencher de balas, tampar e deixar guardado em algum armário, como se com o tempo, não viesse formigas tentar adentrar o pote para comer as balas que poderão estar excedendo a validade rápido demais. Manipulação Mental, Força, Esponja e Levitação. Eu não sabia se ter todos esses eram bons ou ruins para mim, não senti nenhuma dor na hora de puxar aquela química do corpo da ruiva, essa era a vantagem de ser esponja? Não sentir dor e não fazer com que possa doer? Eu estava pensando em todas as possibilidades de tentar me prender para não ferir mais ninguém, mesmo que seja alguém com que mereça, então escutei passos se aproximando, seguindo até a mim tão tranquilamente, nem ousei levantar o olhar, eu sabia que seria a mesma pessoa na qual me trouxe para aquele lugar. O moreno não disse nada, apenas puxou um banco ao lado do criado mudo na minha cabine, arrastou até a minha frente e sem nem mesmo pedir licença, se sentou ali, calado, apenas ergueu seus dedos e puxou meu braço ferido, mas não tocou no pulso quebrado, diferente disso, apenas tocou nos meus dedos com uma mão e a outra começou a fazer uma massagem em meu antebraço, como se estivesse empurrando o sangue para cima. Senti a vibração, a queimação e até mesmo a transpiração em minha pele, o toque dele me causava um tipo de sensação na qual eu não conseguia negar, eu queria que ele continuasse, e precisava, então não falei nada do contra em relação a sua atitude. Sentindo como se meu pulso estivesse formigando, uma coceira que me deixou inquieta, apertei os lábios um nos outros, e pensei em alguma forma de desviar meu foco para outra coisa.
— Sam. Olha pra mim, o quê foi? — Pedi, como se o olhar dele pudesse me fazer distrair daquele incomodo em meus ossos, prendi a respiração conforme Sam entrelaçou os dedos nos meus, a dor dilacerante que me atingiu me deixou atônita, olhei ao redor, procurando qualquer coisa que fosse me relaxar. Ele não estava apertando meus dedos por toque, ele estava fazendo uma ajudinha na velocidade de seu próprio poder.
— Não é nada. — Tentando procurar algo que pudesse me distrair, ouvi a resposta do moreno que foi os suficiente para que eu soltasse o ar pela boca e o olhasse nos olhos, mesmo que estes não desviaram para mim, nem por um segundo. Ele parecia concentrado, mas não estava, na verdade, aquilo estava secretamente escondendo algum incômodo dele.
— Quando se diz que não é nada, é por que é tudo, me fala... — Pedi franzindo o cenho, aquela expressão voltada para o garoto, mas parecia ser ligada com a dor. — Você não confia em mim?
— Não é isso, Olívia. Eu só estou cabulado com essa história. — De repente, Sam soltou meus dedos e enfim agarrou o centro de meu pulso, exatamente onde o osso estava quebrado. Apertei meus lábios com força enquanto tentava respirar de alguma forma.
— Sobre eu ter pego o poder de Ruby? — Perguntei-lhe com o tom de voz extremamente forçado, eu tentava não grunhir de dor, ele estava literalmente acelerando a regeneração dos ossos, aquilo era ridiculamente doloroso. — Eu terei de te mostrar que eu não fiz pelo meu querer? — Olhei incrédula para Sam, dessa vez ele balançou a cabeça negativamente, não estava apertando meu pulso por raiva, era algo necessário para que pudesse ser feito o curativo.
— Não é necessário. Eu acredito em você. — A forma como ele dizia, sem nem ao menos piscar em minha direção, de repente me deixou desnorteada, me virei para o lado enquanto enxergava melhor a expressão vazia de seu rosto.
— Então por que está agindo assim? — Puxei meu pulso ferido para trás, fugindo dos toques e cuidados de Sam, foi aí que ele enfim me olhou pela primeira vez, como se estivesse irritado pela minha atitude.
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Poderes De Outra Dimensão - 1ª Temporada (CONCLUÍDA)
Ficção CientíficaO Colecionador de Corações que Transforma a Mocinha em Vilã. Olivia nunca acreditou no sobrenatural, mas era obcecada por seriados e casos que não haviam nenhuma explicação decente. Estava rolando uma notícia de um grupo de homens recrutando pessoa...