36. Sem mais pontas soltas

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Celeste apenas viu tudo ao seu redor tornar-se turvo, após terminar de gritar por ajuda. Mas não demorou muito para que ela voltasse à tona. Ao abrir os olhos, estava sentada na poltrona que adormecera mais cedo. Uma enfermeira retirava a máscara de oxigênio que estava em Jackson Walker, substituindo por um cateter nasal. Ele parecia ter parado de chorar, mas seus olhos continuavam vermelhos e inchados. No quarto, ainda estavam presentes o policial e os soldados que anteriormente guardavam o local.

- Vossa majestade, a senhora está bem? – o policial aproximou-se da rainha.

- Estou sim. – levantou-se lentamente e observou Jackson novamente. – Vocês irão pegar o depoimento dele agora? Posso ficar aqui?

- Estamos aguardando que a enfermeira termine os procedimentos para iniciarmos. – respondeu-lhe e trouxe o papel que o criminoso escrevera para que Celeste visse. – A senhora confirma que foi ele quem escreveu isso?

- Sim. – a rainha engoliu em seco ao ver aquele nome de novo. – No momento em que acordou ele implorou para escrever isso. Ele estava desesperado.

- Nós iremos investigar tudo, majestade, não se preocupe.

- Obrigada. – ela sorriu tentando acalmar-se.

Quando a enfermeira saiu, o policial sentou-se ao lado da cama de Jackson Walker. Caderno em mãos e gravador ligado. O criminoso olhava fixo para o teto. Parecia querer conter as lágrimas que voltavam ao seu rosto.

- Jackson Walker, o senhor sente-se apto para nos dar o depoimento?

- Eu não posso guardar mais tudo isso por mais nenhum segundo. – ele disse agora olhando para o policial, a voz falhando. – Não quero correr o risco que tentem me matar novamente.

- Certo, então vamos iniciar o interrogatório. Nos conte tudo que aconteceu desde os dias que antecederam o incêndio, nos dando o máximo de detalhes que puder, incluindo todos os envolvidos. Fale apenas e somente a verdade. O senhor sabe que não tem como fugir mais dessa situação.

- Não quero fugir, tenho procurado expor tudo há bastante tempo. – falou fechando os olhos rapidamente e deixando que enfim as lágrimas caíssem. – Eu não sou de Macelong. Minha família não era da Ilha. Estávamos de forma ilegal aqui, vivendo em uma situação precária. Não havia comida nem mesmo para meu filho, apenas um bebê. – a voz enfraqueceu, fazendo com que ele tivesse que respirar fundo para continuar a falar. – Eu e minha esposa não sabíamos mais o que fazer. Se eu tivesse contado a ela em que eu havia me envolvido, com certeza ela me impediria e nada disso teria acontecido. Mas eu fiz exatamente o que ele me mandou. Exatamente tudo que o rei George me ordenou...

Todos presentes no quarto estremeceram ao ouvir o nome do rei de Silverwolf. Jackson Walker então começou a entregar todas as informações. O criminoso contou que George ficara sabendo da sua situação irregular no país, enxergando nele uma forma de manipulá-lo a fazer o que mandasse. A ideia era fazê-lo parecer um morador de Flareland, incendiando um prédio em Silverwolf e aumentando a tensão entre os rebeldes. Deixando que os manifestantes se revoltassem mais ainda com o outro reino, e naquela oportunidade, o rei George conseguiria dar seu golpe de Estado. Os monarcas de Flareland perdendo força, os rebeldes atacando o reino rival, tudo era perfeito para que George aparecesse como o salvador da Ilha e tomasse o trono somente para si. O rei de Silverwolf só não contava com a ideia da rainha Celeste em unificar o país.

- Depois do crime, ele tentou me matar. Eu nem tive tempo de ver minha família. Tive que fugir antes que ele conseguisse me apagar do mapa. – seus olhos indicavam as lembranças terríveis que possuía. – Eu consegui chegar na Irlanda e me mantive lá desde então. Não faço ideia do que houve com minha esposa e meu filho. Só sei que ele aceitou a unificação, pois já estava correndo risco demais. Eu estava à solta, ele não conseguiu calar a pessoa que tinha toda a verdade sobre ele.

The Inevitable DecisionOnde histórias criam vida. Descubra agora