37. "Re-harmonizando"

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Anthony estava em sua sala de dança no Palácio de Silverwolf. Sentado no chão gelado, o tronco encostado na parede e os olhos fixos no espelho a sua frente. Todos os dias ele entrava ali e ficava naquela mesma posição. Não dançava, não colocava nenhuma música. Era somente ele, o silêncio e seu reflexo. A população da Ilha havia sido gentil com ele e sua mãe. Em sua maioria não duvidaram de que eram inocentes. Só que Anthony sentia-se tolo. Tolo por não ter descoberto que seu pai era um mau caráter. Por quase ter deixado ser usado por ele para governar Macelong.

Não haviam chegado a nenhuma conclusão acerca do futuro da Ilha ainda. Se Thony não queria ser rei antes, agora ele gostaria de forma desesperada fugir pra longe de qualquer coisa que lhe remetesse poder. Sempre lhe pareceu errado assumir aquele papel, e agora mais do que nunca ele não cogitava que conseguiria prosseguir com aquilo.

Então pensou em Leonard. O que o príncipe o diria diante daquela situação. Certamente mandaria Anthony seguir seu coração e fazer o que o fizesse feliz. Sentia saudades de falar com ele. Mais do que isso, sentia saudades de tê-lo em seus braços, da textura dos seus lábios e do sorriso sempre reconfortante que ele lhe direcionava. Recentemente tinha visto uma foto dele de relance no celular de Lisa. Seu cabelo estava maior e ele havia furado uma das orelhas. Seu braço havia sido preenchido com mais tatuagens. Como se fosse possível, Thony achava que ele estava ainda mais lindo. Pegou-se sorrindo com as lembranças.

- Filho? – virou-se ao ver sua mãe colocando metade do corpo dentro do cômodo. – Posso me sentar aí com você? – perguntou-lhe e ele confirmou com a cabeça.

Camilla estava com um aspecto melhor do que as semanas anteriores. Anthony via como ela estava tentando ser forte, principalmente por ele. Não trocaram muitas palavras sobre o acontecido. Às vezes apenas sentavam lado a lado e se abraçavam. Ficavam em silêncio ou choravam juntos. Mostrando que não estavam bem, mas estavam juntos. E sempre estariam. No fim do choro, eles sorriam um para outro. Aquilo era o aviso de que no fim tudo iria ficar bem.

- Não dançou hoje? – ela perguntou ao sentar ao lado do príncipe, tentando puxar assunto.

- Não estava muito a fim. – respondeu em um tom neutro. – Apenas gosto de ficar aqui, me ajuda a manter a calma. A deixar a mente menos acelerada.

- Entendo, querido. – ela sorriu, Anthony viu pelo seu reflexo no espelho. – Estive pensando na importância da dança para você. E o quanto você é bom nisso.

- Obrigado, mãe. Eu realmente amo dançar e acho que tenho potencial. Isso sempre vai ser meu ponto de conforto.

- Gostaria que você não tivesse sido arrancado desse sonho. Que você tivesse desde sempre trilhado o que tanto ama. Eu peço perdão por isso, meu filho.

- Mãe, não precisa se desculpar. A senhora não tem culpa. – falou agora olhando diretamente para ela que retribuiu o olhar. – A senhora não tem culpa de absolutamente nada. Somos apenas vítimas.

- Querido, você é sempre tão compreensivo. Eu te admiro tanto, sempre admirei. Você nunca se deixou abater pelo seu pai. Mesmo diante de tantas ordens, recriminações e falta de afeto. Você nunca mudou quem você era, apenas evoluiu. Tornou-se um homem cheio de valores, lindo por dentro e por fora. E em toda a sua vida eu não lhe disse isso. Não demonstrei o suficiente que isso sempre foi o que pensei. – a rainha uniu as mãos com o filho.

- Tá tudo bem, mãe. Mesmo com poucas palavras eu sempre senti seu amor. Mesmo que o papai – ele pausou, era difícil chamá-lo assim. – tenha prendido sua vida às decisões dele. Mesmo quando ele não deixou que sua voz fosse escutada. A senhora foi muito forte por ter aguentada tudo isso calada.

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