3. Imprevisível

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  A onda de protestos contra a unificação de Macelong continuava, enquanto parte da população animou-se ao saber do treinamento da princesa Monalisa e do príncipe Anthony. Muitos estavam ansiosos para verem os jovens juntos, alguns diziam até serem fãs do "casal". Anthony em particular não estava muito animado com a ideia, pois iniciar aquela fase significava que estava cada vez mais perto de deixar pra trás seus verdadeiros sonhos e assumir uma responsabilidade que não desejava. Porém, prometeu aos seus pais que iria se esforçar ao máximo, porque de toda forma amava a Ilha e queria o melhor para ela.

  Arrumou suas malas e despediu-se da sua sala de dança, sentiria falta das suas fugas para aquele local. Estava a caminho do Palácio de Flareland, que seria sua morada por um bom tempo, era estranho pois nunca tinha saído de Silverwolf. O nervosismo percorria cada centímetro da sua pele, seu coração palpitava desde a noite anterior, o que o impediu de conseguir dormir.

  - Thony, calma cara! Não precisa se preocupar com nada. – Duque Logan tentou tranquilizá-lo. Seu primo, que era um pouco mais velho que ele, havia insistido em acompanhá-lo até Flareland, e Anthony não queria admitir, mas sentia-se menos desconfortável por saber que teria um rosto familiar por perto.

  - Juro que estou tentando. – falou observando que já estavam chegando ao palácio.

  - Ei, vai dar tudo certo! – olhou nos olhos do príncipe. – Confie em mim. – Thony assentiu com a cabeça.

  Mordomos os aguardavam na entrada do casarão junto com uma senhora que possuía um sorriso simpático no rosto. Os jovens desceram do carro e Anthony entregou suas malas para que fossem levadas ao seu aposento. O príncipe limpou as mãos suadas na calça e respirou fundo.

  - Príncipe Anthony. – a senhora fez uma reverência para ele. – E você deve ser o Duque Logan, é um prazer recebê-los no Palácio de Flareland. Meu nome é Lucy e sou a governanta chefe, e gostaria de pedir desculpas pois a família Real teve um compromisso de última hora e não pôde recepcioná-los.

  - Prazer, Sra. Lucy!! – Thony respondeu. – Não há do que se desculpar, eu entendo perfeitamente esses imprevistos.

  - Obrigada pela compreensão! Agora venham vou levá-los para dentro para aguardarem a reunião. – sorriu e chamou-os com a mão.

  Quando a mulher estava em um distância segura, Anthony observou que seu primo olhava encantado para os jardins do palácio. O duque era alto assim como Thony, mas seus cabelos eram escuros. Eram próximos desde a infância, chegava a considerá-lo como um irmão. Logan era como um alívio cômico em sua vida, ele era desajeitado e engraçado, por isso sempre que estava triste sabia que o primo daria um jeito de fazê-lo melhorar.

  - Logan, você não acha exagero ter vindo com essa camisa? – Thony perguntou apontando para a camiseta do primo, na qual estava escrito "Eu amo Flareland".

  - Claro que não, Thony. Estou demonstrando para todos que apesar de ser de Silverwolf tenho grande admiração por esse reino. – falou de forma dramática, fazendo o príncipe rir e balançar a cabeça em descrença. – Agora tira uma foto minha na frente dessa estátua.

  Thony pegou o celular da mão de Logan e esperou que ele se posicionasse para a foto. O duque fez várias poses, incluindo uma em que ele apontava para a própria camisa. A ansiedade de Anthony havia sido amenizada com as distrações do primo.

  - Agora vamos, se não iremos perder a Sra. Lucy de vista. – puxou o duque pelo braço fazendo-o andar.

  Tinham sido levados para uma sala enorme, com estantes gigantescas cheias de livro, muitas poltronas e quadros que deveriam custar uma fortuna expostos nas paredes. Anthony observou o quadro que ficava acima da lareira, era uma pintura da família Real, os gêmeos no meio sendo abraçados por seus pais. Todos sorriam na foto e pareciam realmente uma família feliz. Thony nem lembrava qual a última foto que havia tirado com os pais que não fosse por um motivo político. Sua família não costumava ter momentos de lazer juntos, as vezes sua mãe até se esforçava para tirar um tempo e conversar com o filho, mas seu pai nunca possuiu intimidade com ele, suas conversas se resumiam à Macelong. O príncipe havia se acostumado com a ausência dos monarcas, e acabou encontrando em outras atividades uma forma de preencher o vazio que era deixado pelos pais.

The Inevitable DecisionOnde histórias criam vida. Descubra agora