Vamos Almoçar

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POV Toni

-Oi, Isa... Ér.. Eu tô bem. - Digo, sem graça.

-Eu posso falar um minuto com você? É rapidinho!

-É que eu tenho que fa...

-Nada muito urgente, tenho uma ligação pra fazer antes. - Dorcas diz prestativa. - Ed, vem comigo?

-Mas você não vai fazer a ligação? - Ed pergunta confuso.

-Sheeran, comigo. Minha sala. - Finalmente ele entende que a ideia é nos deixar a sós para conversar e se levanta, entrando na sala, após Dorcas.

-Eu queria saber se você tá bem mesmo? Ontem eu fiquei com impressão de você ter ficado mal com algo que eu disse e...

-Foi só claustrofobia e o escuro não ajudou. Não se preocupa. - Digo rápido, não querendo lembrar da conversa de ontem. O que é irônico, já que eu não paro de pensar nela.

-Olha, eu não quero ser chata, mas já sendo: Não me pareceu claustrofobia... Você tava até que bem e demorou um tempo pra tudo acontecer...

-É que eu tava tentando segurar, mas... Não deu muito certo.

-Não vou ficar enchendo seu saco, então. Fico feliz que você esteja melhor.

-Obrigada, Sofia.

-É estranho ouvir meu nome aqui...

-Desculpa, não quis...

-Tudo bem, eu não ligo, até gosto. Só acho estranho, já que ninguém aqui me chama assim. Bom, eu tenho que ir cuidar de umas coisas... A gente se vê por aí! - Eu dou um sorriso tímido e ela vai em direção ao elevador, enquanto eu faço meu caminho até a sala.

-Pronto, posso voltar pra minha mesa! - Ed diz assim que eu entro na sala.

-Você é tão discreto, Edward. - Dorcas comenta.

-Minha maior qualidade, eu sei. - Ele diz, sorrindo e se retira da sala.

-Ok, já que a senhorita está bem, eu preciso que você prepare uns relatórios. Eu vou te explicar como funciona, aí você faz pra mim, enquanto eu faço uma ligação pra resolver sobre o novo cantor contratado.

Logo estou sentada em frente ao meu computador com Dorcas ao meu lado, me explicando o que ela precisa e lá vou eu, preparando páginas e páginas com os dados atualizados.

Perto da hora do almoço, Minerva aparece a sala, entrando sem ser anunciada. Ao ver que Dorcas está na ligação, ela se aproxima de mim, me cumprimentando e se sentando por perto.

-Toni, fiquei sabendo o que aconteceu ontem, você tá bem?

-Tô sim, Min. Não se preocupa. E você, tá bem?

-Tô, sim. Vim buscar a sua patroa pra almoçar. - Ela diz sorrindo, mas sua expressão se transforma em preocupação. - Aliás, você tá melhor do tombo que deu na saboneteira? - E é possível ver Dorcas tampando a entrada de áudio do fone e rindo.

-Tô muito bem, obrigada. - Digo, dando um sorriso falso.

-Engraçado que sua saboneteira tem dentes, né? Achei interessante, mas não vou comprar, vai que uma de nós caia também e se machuca.

-Deixa minha funcionária em paz, dona Minerva! - Dorcas se aproxima e eu percebo que ela encerrou a ligação. Ela abraça sua mulher por trás, deixando um beijo na bochecha dela. - Posso saber o motivo da sua ilustre presença?

-Vim te buscar pra almoçar. Se você arranjar um tempinho na sua agenda.

-Pra você, eu sempre arranjo! - As duas trocam um sorriso bobo e selam os lábios.

-Se vocês puderem parar de melação, eu agradeço. A Cheryl está longe neste momento.

-Eu achei que você não curtisse muito essa coisa de melação e tal. - Min diz séria, arrancando uma risada de Dorcas.

-Achou errado, senhora. Muito errado.

-Enfim, vai almoçar com a gente, Toni? - Dorcas me pergunta.

-Não, podem ir curtir o almoço de vocês.

-Tem certeza? - Minerva pergunta. - A gente só vai comer mesmo. Comida, aliás. - Dorcas revira os olhos com a fala de sua mulher.

-Tenho certeza, podem ir. Tem uma padaria aqui do lado, vou comprar alguma coisa, não se preocupem. Pode ir comer o que vocês quiserem!

Em pouco tempo, Dorcas já está com sua bolsa e elas estão saindo. Como a fome começa a me atacar, pego minha bolsa e decido ir até a padaria, vou até o elevador e, como sou uma pessoa de muita sorte, Sofia está no elevador com sua bolsa.

-Tá indo almoçar? - Ela pergunta simpática.

-Vou comer alguma coisa.

-Eu conheço um restaurante que é super baratinho e faz uma comida bem gostosa. Vamos!

-Não se preocupa com isso, eu vou aqui na padaria.

-Não, lá é caro e ruim!

Sem ter como negar, apenas vou com ela. Que me mostra, pela rua, os melhores locais e mais baratos. Desde farmácia até petshop. Logo ela entra num restaurante pequeno e aconchegante, onde é self-service e logo estamos montando nosso prato e, em seguida, nos sentamos numa mesa afastada.

-Ontem eu fiquei preocupada. - Ela comenta. - Foram 10 minutos presa com você naquele elevador e você não dava sinal de vida.

-Desculpa por ter te preocupado.

-Pelo menos você tá bem. - Ela me olha com um sorriso torto. - Aquela branquinha é sua namorada? Ela tava bem preocupada com você!

-Ér... Não exatamente. Ainda não tem nenhum nome. - Tem, mas eu não vou te falar. - Estamos juntas há pouco tempo.

-E aquele menino? É seu irmão?

-Mais ou menos. O Gabs foi expulso de casa e Cheryl acolheu ele.

-Sério? Que bacana! Ainda bem que encontrou vocês.

-Sim... Ele é um menino bacana, só precisa ser cuidado.

-Mas e você? Tem irmãos? Eu sei, eu falo muito, mas sou curiosa.

-Eu... Não sei. - Digo sem graça. - Eu cresci num orfanato, não sei o que aconteceu com minha família.

-Nossa, sinto muito! Agora você tem um irmãozinho, né? - Ela diz brincando. - Eu sou filha única, era pra eu ter uma irmã gêmea, mas ela nasceu morta. - Ela se lamenta.

-Mo... Morta?

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