Noite em Claro

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POV Cheryl

-Alô? - Digo sem me atentar ao visor, já que o e-mail na tela do computador é bem sério, já que, uma das atrações que havíamos contratado para o próximo mês, não poderia vir para Miami. E já estava tudo organizado.

-Cher... Cheryl? - A voz de choro do outro lado me assusta, mesmo sem eu reconhecer a voz. Afasto o aparelho, mas é um número desconhecido por mim.

-Quem tá falando?

-É a Liz... Elizabeth... Cheryl você precisa vir me encontrar.

-O que houve? Cadê o Gabriel? Me deixa falar com ele agora, Elizabeth.

-Cheryl, ele tá machucado. - Sinto meu corpo congelar. - Eu.... Tô na ambulância.

-Me manda por mensagem o endereço do hospital. Eu te encontro lá agora. E eu acho bom que você me explique direito o que aconteceu com ele ou eu juro que te mato!

Do mesmo jeito que estava vestida, do mesmo jeito eu saí. Só lembrei de pegar meus documentos, celular e a chave do carro. Olho o endereço que ela mandou e começo a dirigir em alta velocidade pelas ruas de Miami, ouvindo alguns gritos e buzinadas, mas eu realmente não ligo. Paro o carro de qualquer jeito no estacionamento e saio com o celular na mão, mandando um áudio para Dorcas.

-Dorcas, eu acabei de chegar no hospital, o Gabriel tá machucado e eu não sei o que aconteceu. Se puder avisar a Toni, eu agradeço.

-Eu aviso. Me manda o endereço. - Ela responde e, imediatamente, eu encaminho a mensagem do endereço.

-Cadê ele? - Pergunto assim que vejo Liz na recepção. - O que aconteceu? - Minha voz alta faz com que as pessoas nos olhem, mas foda-se. É o meu Gabs! - Fala logo!

-A gente... Eu tava levando ele pra casa e uns caras abordaram a gente e... - A fala dela é interrompida pelo choro forte.

-E o que? - Pergunto baixo, já sentindo minha garganta queimar.

-Eles.. Queriam me... Ele se meteu.... Eles vio... Violentaram ele, fizeram cortes e chutes e... - Eu não conseguia dizer nada. Um abismo se fez sob meus pés e eu me senti caindo, uma ânsia de vômito me atingiu só de eu pensar no meu pequeno machucado. - Eu liguei pra ambulância na hora... Desculpa, Cheryl... Eu...

-Cadê o Gabriel? - Interrompo, tentando engolir o nó na minha garganta.

-Ele tá lá dentro, ele desmaiou em seguida e... - Deixo ela falando sozinha e vou até a recepção.

- Um menino chegou aqui na ambulância. Me diz que tem alguma informação, por favor. - Digo, engolindo a vontade de chorar. Eu não posso chorar. Não agora. Meu bebê precisa de mim.

-Só chegou uma menina e...

-Ele é um menino. O nome dele é Gabriel. - Corto antes que ela termine. - Cadê ele?

-Desculpa, eu não sabia o nome dele. Ele tá com os médicos ainda, não tenho nenhuma informação ainda. Sinto muito.

Sem ter o que dizer, fico andando de um lado para o outro na recepção, amaldiçoando cada segundo que fico longe do meu pequeno. Evito olhar para Elizabeth, ao mesmo tempo que eu quero culpar ela pelo que aconteceu, eu sei que ela não poderia ter feito nada. E eu a odeio nesse momento. E me sinto mal pelo que ela presenciou. Eu não sei se esgano ela ou se abraço e consolo.

-Cherry? - Ouço a voz suave de Tee-Tee atrás de mim e me viro, abraçando ela com força, tentando buscar um pouco de calma no seu cheiro tão meu. - Cadê ele?

-Abusaram dele, Tee-Tee. Abusaram do nosso pequeno. - Sinto o corpo dela congelar no meu abraço.

-Que? Como assim?

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