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Eu não sei o que estou sentindo.
De repente todo o comportamento de Jade começa a ser explicado na minha cabeça e eu encosto na mesa completamente desnorteado. JP parece entender meu conflito interno, tanto que lança apenas um aceno de cabeça e some pelos corredores da empresa.
Então é isso.
Isso explica muita coisa. Explica porque Jade parece não se importar com nada, isso explica porque ela é tão insensível durante longos momentos e mostra essa insensibilidade até mesmo em audiência. Ela é dura. Fria. Certeira. Mas, dentre essas características, Jade não deveria ser fria. Ela é assim por conta das consequências de perder alguém muito querido.
De perder alguém que foi como um segundo pai para ela.
— Meu Deus... — coço minha cabeça me sentindo culpado por tê-la julgado tanto quando sequer sabia o que se passava em seu interior, quando eu sequer me dei o benefício da dúvida quanto a esse rancor todo.
— Oi — alguém murmura e eu levanto os olhos, encontrando verdes como os de Jade. — Ela não veio mesmo, não é?
— Não até agora — respondo para Arabella e ela suspira fundo, engole em seco e enxuga uma lágrima teimosa do rosto.
— Você pode...
— Sim. Eu ligo se ela aparecer — concordo com um meio sorriso e ela me agradece.
— Quer que eu peça alguém para ficar aqui com você? — propõe com um sorriso. — Ou que alguém te ajude?
— Arabella... Eu sou formado, não se preocupe — respondo rindo e ela concorda com a cabeça.
— Arabella! — alguém grita e eu levanto os olhos para encontrar um homem alto, de cabelos negros e olhos...
— Meu Deus, você é filho da Donatella?
— Ah! Leon, certo? — ele entra na sala com um sorriso enorme e me cumprimenta com um abraço.
Sim, ele não me oferece uma de suas mãos, ele me abraça.
— Eu estava de viagens, cara. Tenho uma namorada maluca que gosta de explorar uns lugares mais malucos do que ela — isso me faz rir, principalmente porque os olhos dele brilham só em menção ao nome dela. — Mas, eu sou Thiago. Sim. Eu sou filho da Donatella.
— Isso é engraçado, não é? E chique — Arabella comenta com os olhos perdidos. — Somos reconhecidos por nossas mães. "Aquela é a filha de Helena", "aquele é o filho de Donatella"... Eu acho isso... Demais.
— Arabella? Você está bem? — Thiago pergunta rindo e depois se volta pra mim. — Mas, ei, cara... Se quiser sair pra tomar umas, conhecer mais a família, eu fico na mesma sala que a de minha mãe. Só passar lá.
— Justine vai arrancar sua cabeça por isso — Aria murmura antes de dar as costas.
— Justine é o diabo — eu reviro os olhos rindo e Thiago guia os olhos até a mesa de Jade, suspirando fundo em seguida. — Eu devo muito a ela, sabia?
