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— Jade, isso vai queimar.
— Tome conta do seu chocolate quente, deixe-me fazer o meu em paz — briga rabugenta e eu consigo abrir outro sorriso.
Mesmo depois da noite que tivemos, de dormir com ela, de ver seus sentimentos sendo expostos, Jade continua sendo ela mesma e eu gosto disso.
Gosto de não ter colher de chá quando o assunto é essa mulher, porque se eu a consegui foi através de muita luta.
E eu lutaria mil vezes para tê-la novamente.
— E como que eu queimaria chocolate quente, Leon? — ela se vira para mim, parando de mexer sua colher e fixando suas írises verdes vivas nas minhas castanhas.
— Seus olhos estão mais bonitos hoje — acabo soltando e flagro suas bochechas ficando vermelha, ganhando a pequena guerra que ela iria travar agora e vendo-a tímida.
— Não fique me elogiando.
— Eu vou ficar te elogiando sim e eu quero ver quem vai me fazer parar de ficar te elogiando.
— Meu pai? — ela rebate com um pequeno sorriso no rosto, porém esse pequeno gesto logo se desfaz e eu franzo o cenho.
— Nós não temos um segundo de paz, não é? — pergunto vendo-a desligar o fogo e continuar apenas girando sua colher no chocolate. — O que há, Pesadelo?
— Tem aquele... Lance... Com meus pais ainda. Nenhum dos dois me ligou ou mandou mensagem. Eu sei que o meu pai está fazendo isso para não me sufocar e que, provavelmente, está tentando se livrar dos ataques de minha mãe da melhor forma... Isto é, sem destruir o casamento deles — Jade respira fundo com os olhos fixos no chocolate. — Eu lembro como Aria ficou desesperado quando nossos pais quase se divorciaram. A culpa não foi dela, é claro que não... A culpa foi da teimosia dos dois, dessa mania estúpida de se desentender com facilidade, mas... Mas agora eu sei o que minha irmã sentiu naquele momento, porque eu estou com mais medo de ser a culpada pelo fim da relação deles do que da ira de Helena Rossi.
— Eu acho que se preocupar com isso agora não é o ideal, Jade. Eu entendo a sua preocupação, vejo em seus olhos como está magoada com essa situação, mas você não tem que trazer pra dentro de si algo que já é recorrente do casal — tento aconselhá-la, porém pisando em ovos. Eu nunca sei muito como reagir quando o assunto é a família de Jade, porque eles são imprevisíveis.
E, há uma regra entre eles: podem brigar entre si a vontade, mas não deixam ninguém de fora brigar com os de dentro.
É complexo e confuso, mas mostra a fidelidade e amor de todos.
— Eu só queria não ter medo de ir até eles... Eu não sei como lidar com o medo — ela confessa e eu sou obrigado a puxar seu corpo para mim em um abraço. — Leon, não faça esse tipo de coisa de repente, sabe que eu não concordo com essas demonstrações de afeto...
