Meu coração está a mil.
Eu acho que posso contar nos dedos as poucas vezes que tive meu coração dessa forma.
A primeira vez foi em meu primeiro dia da faculdade. Eu não estava nervosa, eu estava com raiva de todos os atrasos de Edgar neste dia. Ele havia prometido que me levaria e eu — não querendo aceitar — fui obrigada a acatar as ordens.
Ele demorou pra vir me buscar, depois nós nos perdemos nos campus e — por fim — quando eu já não aguentava mais, Edgar anunciou para a turma inteira que eu era uma Rossi no primeiro dia de aula.
O professor presente ficou me fitando, me testando e fazendo diversas perguntas direcionadas a mil durante a aula inteira.
Acho até que — por este motivo —, não exclusivamente sobre o mau humor e meu coração acelerado como um liquidificador, mas por eu ter sido fechada no primeiro dia, eu não fiz nenhuma amizade duradoura na faculdade. A única com quem eu me identificava era Diana. Éramos iguais: fechadas, reclusas, indiferentes a tudo e o nosso foco era apenas conseguir pontuação suficiente para sair daquele inferno o mais rápido possível.
No entanto, acabamos criando um vínculo somente de ficarmos na presença uma da outra, o que — de certa forma — é algo extraordinário se tratando de mim.
A segunda vez que meu coração acelerou assim foi em meu TCC — Trabalho de Conclusão de Curso — pelo simples fato de que minha família inteira estava lá. Mesmo meus primos do Brasil haviam vindo para Nova Iorque para ver. É uma tradição: todos que de nós temos que passar por essa pressão, é como se fosse um rito de passagem Rossi.
Íris apresentou dois Trabalhos de Conclusão de Curso para a família, eu era mais nova, mas ainda sim me recordo.
Eu fiquei tão nervosa nesse dia que minhas mãos suavam como nunca tinha acontecido antes, a ponto de eu enxugar as palmas no sobretudo e pedir um microfone daqueles que penduram no rosto para não ter que segurar um.
Fui espetacular, é claro.
A última vez foi no nascimento de Matteo.
Um parto demorado — ainda mais que os de gêmeos — que deixaram todos aflitos e nervosos. Eu tinha que dar apoio aos meus pais, ao meu irmão e aos meus tios enquanto Íris sofria colocando o meu afilhado para fora.
Foi assustador.
Eu senti medo.
Eu senti muito medo de que algo acontecesse com eles, de forma que meu coração ficou acelerado por horas e eu não conseguia permanecer sentada de forma alguma.
E, agora, meu coração está revolto novamente. Ele grita para que eu diga mais alguma coisa, porém meu cérebro é incapaz de formular alguma frase, nem que seja ironia, deboche ou alguma citação filosófica na qual uso para fugir de situações como esta.
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THE LAST (Concluído)
RomanceÚLTIMO LIVRO DA SÉRIE "Filhos Rossi" 📣 "Eu sou a última" - ROSSI, Jade. É EXPRESSAMENTE PROIBIDO O PLÁGIO ⚠️⚠️