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É tocando a campainha pela terceira vez que — finalmente — sou atendida nesse inferno de casa de rico.
— Jade? Que... Surpresa — Diego franze o cenho e eu arqueio uma sobrancelha. — Digo, você não vem aqui em casa desde que Liam nasceu e...
— Me perdoe — murmuro perdendo a pose de durona e sentindo uma culpa assolar meu coração.
— Não, você costuma nos ver com frequência, já que essa família vive reunida e é explicável seu sumiço — dá de ombros como se estivesse me testando. — Entre, Let está lá dentro. Ou veio tratar de...
— Vim ver ela mesmo — ele concorda me dando passagem e assim o faço.
— Pode ir — diz atrás de mim e eu caminho pela casa decidida agora, sabendo exatamente onde fica cada cômodo e me assustando ao encontrar três pessoas no chão e um bebê sentado no sofá como um adulto sentaria.
— Jesus — solto atraindo olhares e Let sorri ao me ver.
— Que surpresa!!! — grita e Danilo, seu filho do meio, franze o cenho imediatamente.
— Olá, tia — ele diz massageando a cabeça.
— Prestem atenção, meninos, pois a impiedosa Jade Rossi acaba de entrar na arena! OOOOOO APERTEM OS CINTOS NOS BASTIDORES, PORQUE AGORA O PAU VAI QUEBRAR DE QUINAAAAA! — Dayane usa uma voz de locutor e não tem um que não cai na risada, o que me faz abrir um sorriso. — Estamos jogando xadrez, quer jogar?
— Estamos tentando — Let corrige. — Tia Donna tinha me ensinado certa vez, mas eu esqueci completamente as regras e Diego estava tentando nos ensinar.
— Eu sei jogar — sussurro retirando meu sobretudo. — Olá, Liam.
Ele me mostra um sorriso meio banguela e depois volta sua atenção para o desenho na televisão.
— Ele é quieto assim? — pergunto tirando as botas e me ajoelhando ao lado de uma mesa retangular onde jaz o tabuleiro.
— Sim, esses dias Diego o levou para brincar com Matt. Sabe, idades próximas, então deduzimos que seriam ótimos amigos e se entenderiam... Não demorou meia hora para ambos estarem dormindo no sofá de Íris — ela diz rindo e então Diego surge, com três cervejas em mãos.
— Eu sei que como filha da Helena, você deve gostar de cerveja — anuncia me entregando uma long neck e eu reviro os olhos a pegando.
— Estou dirigindo — sussurro e me arrependo ao lembrar-me de ontem, de como eu dirigi muito pior do que uma garrafa de cerveja me faria ficar hoje.
— Uma não te faz nem ser presa.
— E você pode dormir no quarto de hóspedes — Dayane é a primeira a dizer, rindo de tudo como se não passasse de uma mera piada.
