CAPITULO VINTE E SEIS

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Jade está silenciosa desde que chegamos em seu apartamento e eu não sei se isso é um ponto positivo

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Jade está silenciosa desde que chegamos em seu apartamento e eu não sei se isso é um ponto positivo.

Fazia dias que ela não ficava silenciosa ao meu lado.

No entanto, eu decido me calar e apenas respeitar o seu momento e continuar fazendo o macarrão que me pediu.

Eu falho.

— Você voltou no Texas? — solto e sinto um arranhar de garganta quase que imediatamente, por isso levanto os olhos para encontrar suas írises verdes.

Jade está com a cabeça levantada, o cotovelo apoiado na mesa e com a mão deste braço coçando sua testa lentamente enquanto tem o cenho franzido devido ao esforço psicológico. Eu aposto que até a palavra "Texas" deve ser difícil de ser pronunciada por ela a uma altura dessas.

— Voltei para resolver algumas coisas, porém peguei um avião de volta para Nova Iorque no mesmo dia — dá de ombros voltando a abaixar os olhos em direção a algumas anotações de sua mesa.

— Não consegue dormir lá?

— Muitas lembranças, minha cabeça dói — murmura sem sequer me fitar agora e eu apenas solto um resmungo em concordância.

Eu entendo Jade perfeitamente.

Eu corria das lembranças ou de qualquer coisa que me fizesse lembrar dos meus pais antes, porém somente de fazer isso eu acabava lembrando deles o tempo inteiro. É o que acontece com Jade: ela corre em círculos, pois nunca chega a lugar nenhum.

Mas, nesse quesito, eu não posso mover um dedo para ajuda-la, apenas aceitar e esperar o seu tempo de luto.

Enquanto David saia para conversar com Helena, eu e Santiago conversamos algumas coisas sobre Jade e essa situação. Eu fiquei bem impressionado quando ele disse que Allegra, sua esposa, estava vivendo um luto duradouro quando o conheceu, de forma que ficou presa no primeiro estágio e — por isso — dava a sensação de que não havia acontecido nada.

Jade ficou tão chocada quanto eu, sendo que ela sabia somente sobre as desavenças entre os irmãos de Allegra, nada sobre isso. Mas, houve uma coisa que o Santiago falou que me tocou profundamente:

"Uma pessoa se rende ao luto facilmente quando ela está sozinha. Ele a possui. Ele se apodera do ser humano. No entanto, quando uma pessoa deixa de estar sozinha, é que o luto começa a guerrear contra ela."

O luto persegue essa família desde o início e eu acredito que é pelo fato de já terem tudo.

Riquezas, posses, poder e amor, logo nada os destruiria ou os atingiria como o luto pode fazer, porque a perda de um ente querido para eles significa mais do que outra coisa.

— Você ia... Ia na casa dos seus pais depois de tudo? — a voz dela sai baixa, receosa e trêmula, como se a ideia de me perguntar isso fosse apavorante.

THE LAST (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora