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— Sabia que tem uma teoria onde afirma que Lilith foi a primeira mulher de Adão? Só que... Só que...
— Só que ela não foi submissa dele e o mandou ir ao inferno, então... Ele, revoltado por estar sendo contrariado por ser uma mulher, pediu socorro e a mandou ao inferno — completo os pensamentos de Leon e isso o faz guiar os olhos até mim.
— Não sabia que estava aqui — murmura com o telefone no ouvido. — Eu...
— Você está no seu horário de descanso e como foge da minha família, eu permito que fale com a sua — dou de ombros pegando uma pasta com um processo arquivado e jogo na sua mesa. — Trabalho.
— Como assim? — rebate arqueando as sobrancelhas. — Lynda, espere.
— Sua namorada? — questiono sem conseguir controlar a língua e ele nega.
— Não tenho tempo para namoros — dá de ombros puxando a pasta. — É a minha irmã.
— Por que está me explicando quem é? — enfio as mãos nos bolsos do sobretudo.
— Por que perguntou se era a minha namorada? — rebate me encarando fixamente.
— Será que é porque eu disse que podia falar com parentes e namorada não se qualificaria como parente? — pergunto e os ombros dele parecem relaxar. — Esse processo foi arquivado há alguns anos, porém o remetente recorreu a nós agora e eu preciso que você leia.
— O farei.
— Anote tudo que achar importante também, por favor — peço e ele concorda. — Mande um abraço para sua irmã.
Eu saio da minha sala com outros dois processos e caminho decidida até o escritório de uma pessoa que vai me ajudar com esses papéis agora, sendo que eu sei que ele estará trabalhando porque... Enfim. Nós estamos super atolados nos últimos dias.
— Padrinho? — coloco a cabeça dentro de seu escritório e ele levanta os olhos de um papel que lia com o cenho franzido.
— Graças a Deus! Eu estou puto com isso aqui, olhe — eu me aproximo de sua mesa e pego seu papel, lhe dando outros dois.
— Você pode ler isso pra mim e ver se falta algo? — peço sentando na cadeira em sua frente. — O que é isso?
— Eu não faço ideia do que isso seja, mas eu estou puto — responde. — Lê essa parte grifada. A grifada.
— Calma, eu vou ler — levanto uma mão em sinal de pausa porque lidar com João Pedro é extremamente difícil.
Escolhido pra ser meu padrinho pelo vínculo que compartilha com a minha mãe, eu e JP sempre tivemos uma amizade sólida apesar das diferenças. Porém, é eu lá e ele cá. Meu padrinho não poderia ser o mais perfeito pra mim, por motivos de ele respeitar o meu espaço e eu respeitar o dele. Um não exige perfeição do outro, um não cobra afeto e atenção do outro, mas ambos sabemos que o outro estará lá o momento que for necessário.
