Perda

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Na casa de grades preta com número 1427, notava-se um grande alvoroço.

— Você vai cozinhar? — Leo se intrigou ao ver a irmã com alguns talheres na mão. — Acho melhor a gente pedir comida. — Avisou a Júlia que se prontificou em defesa de Alice:

— Ah qual é? Não deve ser tão ruim assim!

— Não é ruim, — a chefe e dona da casa adentrou na cozinha. — é péssima!

A seriedade tomou conta do lugar, certamente se iniciaria uma discussão em breve.

— Obrigada mãe, seu apoio era tudo que eu precisava. — Alice fingiu entusiasmo com deboche.

— Algumas pessoas cozinham e outra matam a culinária e é isso, está tudo bem, o mundo não é perfeito. — Eliza explicou procurando por ingredientes espalhadas sobre a mesa, todos fresquinhos para o grande banquete. 

— A Olívia é a melhor cozinheira que conheço, — Júlia comentou. — Já eu por outro lado, sou uma catástrofe, não sei nem fazer café.

— Você não supera a Alice, — Leo recordou da história que adorava contar quando envolvia cozinha e a irmã. — A Ali conseguiu queimar o café.

— Café? — Júlia não quis parecer tão surpresa, mas não conseguiu se contar. — Não tem como queimar café.

— Eu quase derreti o bule caríssimo da mamãe.

— Aquele bule foi mesmo muito caro. — Eliza concordou sorrindo com as lembranças, foi a primeira vez que alguém a viu se divertir desde sua chegada na cidade. — E eu tinha acabado de compra-lo.

— Você nem o usou. — Alice recordou-se dando gargalhadas.

— A mamãe te deixou de castigo por um mês. — Leo acrescentou se divertindo da desgraça alheia. — Foi quase um mês sem televisão, celular e nem podia sair.

Mal sabia a dona Eliza que a filha fugia duas vezes na semana para ir ao cinema com os garotos.

— Já Tinham algo em mente para o cardápio? — Eliza questionou após analisar os ingredientes que Alice trouxe da feira.

— Cardápio Alemão. — Júlia respondeu. — Mesmo eu não tendo ideia alguma do que isso significa.

— Pensei em Pato assado com risoto, sopa de cogumelo e salada caprese. — Alice respondeu animada. — A Liv adora sala caprese.

— E você pretendia cozinhar isso tudo? — era possível notar o tom irônico na voz da senhora Martinez.

— Na verdade ela jogaria tudo para cima de mim. — Emily informou ao adentrar na cozinha com mais alguns ingredientes nas mãos.

— Você é a minha heroína. — Alice caçoou ao vê-la chegar. — Se algum dia eu já te julguei, desconsidere.

— Eu vou me lembrar disso hein. — Emily comentou se direcionando a pia para lavar as mãos após prender os cabelos. — Vou anotar para não me esquecer.

— Bom, acho que sobrou a mesa para a gente arrumar. — Avisou a Júlia já a puxando para a sala de jantar ao lado. — Pelo menos isso eu sei fazer e muito bem.

— Use a louça italiana, — Eliza comentou animada, nem parecia ser aquela mulher rabugenta de antes. — é uma ocasião importante.

— E eu vou aguardar até que esteja tudo pronto enquanto encho essa pirralha de cosquinhas. — Informou pegando a Amy no colo e erguendo para o alto. — O que você quer fazer? Temos muito tempo sobrando.

Após se certificar que o filho estava longe o suficiente, introduziu a conversa com a mulher que possivelmente poderia ser sua nora dos sonhos:

— Ele gosta muito de você.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora