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— Você se lembra do que aconteceu? — o médico questionou me olhando curioso enquanto bisbilhotava a prancheta em suas mãos.

Eu já estava ali há horas e depois de me doparem com tranquilizantes para amenizar o surto que me possuiu a caminho do hospital, acordei e já era de manhã. O relógio perto de alguns cartazes explicativos sobre DST's marcava 10:38 da manhã, o sol estava alto e iluminava bem o quarto através da janela de vidro.

Eu estava pensando se realmente me lembrava dos detalhes certos quando a Emily entrou no quarto.

— Com licença doutor. — Ela pediu ao se aproximar. — Como você está Liv?

— Ela vai ficar bem, aliás, ela está bem. — Foi o médico quem respondeu. —Mas o doutor Elioth pediu para fazer alguns exames, — ele me olhou informando. — E já que você não estava muito bem e não havia outro parente mais próximo, a sua prima cuidou de tudo para os procedimentos.

Prima? A olhei confusa e a mesma se fingiu de desentendida.

— E então, quais foram os resultados dos exames? — questionei aflita, ainda estava em choque e temia depois da noite anterior, o meu problema pós cirurgia estivesse de volta para me atormentar.

— Ele vai passar aqui mais tarde para conversarem. — Ele olhou para a Emily, achei meio suspeito, porém, decidi que não bancaria a paranóica. — Mas não tem com o que se preocupar.

Não é algo assim que os médicos dizem quando estão prestes a dizer algo muito ruim? O médico que julguei ser interno ou residente, acenou convicto de que seu trabalho ali havia acabado e se retirou da sala.

— Desculpe pela mentira, — a garota sussurrou sentando-se na beira da cama. — Mas eles não me deixariam ficar se dissesse que era só sua amiga. E já que a Alice está viajando, achei que seria bom ter alguém aqui com você.
— Obrigada Emily.

— Está tudo bem.  Ah! — ela recordou. — A Alice já está voltando para casa e o Noah deve chegar aqui em alguns minutos.

— Você contou a eles? — reagi com surpresa me sentindo culpada por atrapalhar o que eles saíram para resolver, e por outro lado, pelo que houve e se é que houve mesmo, eu estava muito confusa e não sabia se o Noah precisava ficar sabendo disso.

— O que você acha? — ela me olhou pasma como se fosse óbvio. Foi uma pergunta idiota mesmo!

— Eu só não quero atrapalhar. — Abaixei a cabeça sentindo um nó se instalar em minha garganta e até me privar o ar. — E eu não sei se quero que o Noah saiba disso.

Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e meus olhos se encharcar.

— Mas não aconteceu nada! — ela alertou imediatamente. — Graças à Deus não aconteceu nada e não tem que se preocupar com isso.
Não aconteceu? Eu não estava certa disso.

— Eu apaguei por causa dos comprimidos que ele colocou na comida e na real, nem sei bem como tudo acabou.

— Eu havia acabado de chegar e ouvi uns barulhos estranhos vindo da sua casa, sabia que você estava sozinha e chamei por você várias vezes, mas não me respondeu. Então eu chamei a polícia, achei que seria melhor um engano do que um arrependimento.

— Então foi você? — nem consegui acreditar que a Emily me salvou das garras do Alex. As lágrimas escorriam fora do meu controle. — Muito obrigada mesmo Emily!

A abracei o mais forte que consegui.

— Olá! — Elioth adentrou totalmente empolgado. — Então aqui estamos de novo.

— Oi doutor. —Respondi enquanto secava as lágrimas do meu rosto.

Emily em pé ao meu lado, esperava pelas notícias. Boas notícias.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora