O que eu não gostei de ver

1.1K 121 11
                                    

Foi uma semana bem produtiva e tediosa, mas aquele repouso severo já estava chegando ao fim e finalmente poderia voltar à trabalhar ou ficaria surtada dentro de casa. As dores já não estavam mais presente, a primeira remessa de remédios já estava ao fim e eu só queria que a minha rotina voltasse ao normal, nunca gostei de ficar parada dentro de casa. Não consigo mesmo. Mas ainda sim, havia um longo dia pela frente para ser encarado, mas decidi que não ficaria sem fazer nada.

Tomei um banho refrescante e calcei sapatos confortáveis, eu estava proibida de usar saltos pelos próximos dias e decidi sair um pouco, ir na feira que estava rolando na rua coberta e me distrair daquele mausoléu.

—Hey, onde você vai? —Alice me policiou enquanto tomava o café antes de sair para trabalhar. —Sabe que não pode fazer extravagâncias por aí, não é?

—Não vou fazer extravagância alguma! —declarei pegando a chave do carro. —Só vou fazer algumas compras.

—Compras? —nada anima mais a Alice do que fazer compras. —Devo me chatear por estar sendo excluída desse plano?

—Não é nada de mais, só vou dar um jeito no meu quarto.

—Nisso eu concordo, já tem quase um mês que está aqui e ainda tem caixas por todo lado. —comentou. —Mas tudo bem, eu preciso mesmo ir trabalhar.

—Eu já disse que você trabalha de mais?

—Diz isso quase todos os dias.

E não estava exagerando. Ela literalmente trabalha a semana toda e aos finais de semana ainda leva trabalho para casa.

—Eu não posso manter todos os meus gostos se não trabalhar de mais. —comentou irônica já saindo pela porta com uma maçã mordida.

Não era bem a verdade considerando que ela tem pais absurdamente ricos, mas ela amava o seu trabalho e se dedicava totalmente à ele, até de mais devo dizer.

🌵

Estacionei o carro perto da feira e comecei à andar entre as barracas e vendedores ambulantes, comprei quadros, prateleiras, adesivos, uma cortina excelente que acabaria com a claridade que ainda ficava no quarto e me irritava nas manhãs de sábado e domingo, livros e tudo que precisava para deixar aquele quarto como queria. Sempre quis decorar o meu quarto e deixar ele a minha cara, mas sempre fui preocupada de mais com trabalho, estudos e gosto alheio, mas não agora.

Tive ajuda para colocar tudo no carro considerando que não poderia pegar peso e voltei lá mais uma vez para buscar uma sacola que ficou para trás quando fui pega de surpresa pela Jhenifer.

—Será que podemos conversar?

O que eu poderia dizer? Só estava certa que a Alice era o tema abordado.

Nos sentamos em uma lanchonete ali perto, ela pediu apenas água e esperou que eu pedisse o milkshake para introduzir o assunto.

—Antes de mais nada, queria pedir desculpas à você.

Mesmo conseguindo imaginar o motivo, não achei que fosse necessário.

—Você não precisa fazer isso.

—Não, tudo bem. Eu fui uma escrota com você naquele dia e eu nem te conheço. Não poderia ter te tratado daquela maneira.

—Tudo bem, eu não costumo guardar rancores.

Não nesse caso específico pelo menos.

—Eu só queria que me entendesse. —lavantou-se com cara de choro que era evidente, apesar de seus esforços para disfarçar. —Não queria acreditar que vocês eram realmente só amigas.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora