Foi um longo dia. Fiquei nervosa como qualquer pessoa no seu primeiro dia em um emprego novo, mas eu precisava me sair bem e contei com isso ao meu favor. No entanto, não me lembrava que era tão cansativo assim insistir com adolescentes, acho que eles estavam mais apavorados do que eu, afinal, era a "nova" orientadora/ psicóloga do colégio ao qual eram obrigados a conversar pelo menos de duas vezes a três vezes no mês e em outros casos complexos, na semana.Até que não foi tão difícil me enturmar, sou péssima com isso, mas foram só algumas palavras e eu já tinha um tipo de encontro com o pessoal do trabalho no mesmo bar que fui antes com a Alice, aliás, concordei sem pensar muito pois, queria levá-la comigo para esfriar a cabeça. Cheguei em casa mais cedo e para a minha surpresa, lá estava a Alice jogada no sofá com um pote de sorvete em mãos.
—Chegou cedo, o que foi?
—Não estava me sentindo bem. Achei que seria melhor ficar em casa por uns dias.Para ela era fácil já que basicamente ela era a própria chefe.
—Então não tem nada haver com a sua namorada?
—Ex namorada. —ela fez questão em corrigir com cara de choro.
—Estou me sentindo péssima com essa situação. —sentei-me ao lado dela.
—Não foi sua culpa se é isso que quer dizer. —declarou me entregando o pote de sorvete. —As coisas já não estavam muito bem, além do mais, a Jhenifer não precisava me colocar na parede daquele jeito. Quero dizer, eu não estava pronta para um passo tão importante quanto ela queria.
—E não estava mesmo Alice?
Temia ser realmente a responsável pelo término dela, odiaria ter que lidar com essa culpa considerando tudo de ruim sobre eu mesma que preciso encarar todos os dias.
—Claro que não. A gente se conhece a tempo eu sei, mas foram só alguns meses desde que decidimos começar uma relação. Eu não estava e não estou pronta para morar junto, acho que isso requer muita sabedoria. É uma decisão muito importante.
—Nisso você tem razão. —a devolvi o sorvete depois de tomar um pouco. —Eu fiquei com uma pessoa por anos e ainda sim fui abandonada.
—Só que no seu caso, ele era um idiota.—É eu sei, mas eu já me livrei dele e agora é bola para frente.
—Pelo que eu vi, a fila já andou.
—Claro que não! —pestanejei insatisfeita. —Eu não quero saber de um relacionamento tão cedo!
Levantei tirando o scarpin e algumas coisas da minha mochila, tudo para evitar o assunto.
—Ah qual é Liv, o cara é um gato!
—Pode ficar para você então!
—Ah não. —ela desanimou. —ele não faz bem o meu tipo.
—E nem o meu. —afirmei convicta. Quem mesmo eu estava querendo enganar? Peguei uma lista de livros na bolsa a analisar detalhadamente. —Agora mudando de assunto, sabe de uma livraria ou biblioteca onde eu possa encontrar esses livros?
—Ainda está fazendo as aulas on-line? —ela analisou a lista e começou a pesquisar um endereço na internet em seu celular.
—Sim e tá uma loucura, tenho um trabalho para entregar e com a correria da mudança, nem pude terminar.
—Conheço uma perto daqui, você vai gostar. Te mandei o endereço.
O celular anunciou uma mensagem enquanto disfarçava um sorriso sorrateiro, provavelmente Alice estava aprontando algo.
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Acaso Indefinido
RomanceDeterminada a superar o abandono no altar pela pessoa que Olívia pensou ser o amor de sua vida, ela se muda para Gramado na Serra Gaúcha, onde jura focar somente em sua carreira sem se envolver com alguém, estava traumatizada. Meses antes havia pass...