Fumaça azul

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A encontrou fazendo as malas se desmanchando em lágrimas.

—Não ia se despedir?

—Achei que seria mais fácil assim. —respondeu ao ser pega no pulo tentando a olhar diretamente.

—Fugindo? É assim que você resolve as coisas?

—Eu sempre escolho fugir e ignorar, é assim que eu resolvo tudo na minha vida caótica e sem futuro.

—Ei, qual é o porquê disso tudo agora?—Alice aproximou e a guiou de volta para a cama onde poderiam conversar olhando em seus olhos.

—Eu preciso parar de fingir que essa é a minha vida e voltar para casa, a Liv não merece carregar o fardo que eu sou na vida dela.

—Você não tem que voltar, a menos que queira. É isso que você quer?

—Eu não tenho escolha, amanhã terá a primeira audiência dos filhos do Marco e eu não posso fugir disso.

—Você não precisa fugir Júlia, só precisa tomar as decisões certas.

—É tarde demais Alice, para tentar fazer alguma coisa certa. Deveria ter pensado nisso antes de me envolver com ele, agora não tem mais espaço para arrependimentos.

—Eu não estou falando e se arrepender. —Alice a atraiu atenção. —Você tem todo direito se arrepender de escolhas ruins. Estou falando sobre abrir mão de tudo, recomeçar.

—Mas eu tenho direitos.

—Tem, eu sei que tem. Mas você precisa escolher entre esses direitos e viver sozinha rodeada de pessoas que te odeiam, ou pode recomeçar do zero. Seu sobrinho, —pausou sua fala pensativa e logo acrescentou. —Ou sobrinha está para nascer, você não quer fazer parte da vida dele, ou dela? A Olívia é tudo que você tem, deveria pensar melhor nisso.

—A Olívia não me quer aqui. —Declarou confiante certa no que dizia, seus olhos se encheram de lágrimas.

—Isso não é verdade, —a mulher morena parecia um pouco irritada. —Ela quer que você faça o certo para a sua vida, tome decisões certas. Eu sei que vocês duas tem um histórico imenso de discussões e brigas, mas no fim das contas, ela só quer o melhor, que fique bem.

—Eu não sei se estou convencida disso, A Liv foi bem clara quando me mandou ir embora. Tudo bem que a culpa foi minha, mas me magoou.

—Você pode arriscar, ou então sei lá, volta para a sua vida. A escolha é toda sua.

🌵

Já era setembro, as cidades da região já se preparavam para a alta temporada com as decorações natalinas, o frio também estava presente, principalmente em Canela.

—Vamos comprar alguma coisa? —Noah olhava uma vitrine infantil, conseguia ver seus olhos brilharem com a ideia.

—Mas nem sabemos ainda se é um menino ou uma menininha.

—Não importa, —ele insistiu na ideia me puxando para dentro da loja. —Compramos algo branco ou que dê para os dois sexos usar.

Senti meu coração ficar quentinho ao estar dentro daquela loja com milhões de opções roupinhas e itens básicos para os primeiros meses de vida do bebê, me senti mais próxima que nunca do momento em que o teria em meus braços pela primeira vez, quando conseguiria ouvir o primeiro chorinho. O que era para ser apenas uma pequena compra, acabou se transformando em sacoladas de mimos e roupinhas de bebê, não conseguimos resistir, mesmo limitados a cores neutras.

Andamos pelas ruas de Canela, não havia muito movimento naquele dia, mesmo havendo algumas pessoas turistando pela cidade, talvez fosse pelo frio que aumentava com o correr do dia, mesmo com a luz do sol a raiar. Tiramos fotos e paramos para almoçar, a caminhada me deixou faminta e bastante intrigada.

Acaso IndefinidoOnde histórias criam vida. Descubra agora